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Retrô, Challenger dá fama instantânea
Com exterior dos anos 70, Dodge chama a atenção por onde passa, mas mantém consumo elevado dos V8
LAWRENCE ULRICH
DO "NEW YORK TIMES"
Uma semana dirigindo o
Dodge Challenger SRT8 faz as
pessoas simpatizarem com a
fama instantânea dada por programas de TV. Todos querem
tirar uma foto. Estranhos fazem perguntas íntimas. Sorrindo, contam histórias nostálgicas quando você encosta num
posto para abastecer.
A parte boa é que o Challenger SRT8, cujas linhas vindas
diretamente dos anos 70 materializam multidões ao seu redor num piscar de olhos, deixará para trás quase qualquer caçador com uma rápida cantada
de seus enormes pneus.
Mas a parte ruim é saber
quanto tempo vai durar o "calor" do Dodge. Ele terá poder
permanente ou é apenas uma
seqüência na atual temporada
de "muscle cars"?
A Ford começou a guerra
com o Mustang 2005, atualizando o estilo dos modelos de
1967 a 1969 -aclamado pela
crítica e um enorme sucesso de
vendas. A Chrysler e a General
Motors pareceram forçadas a
responder: a GM vai completar
o último branco dessa rivalidade histórica no ano que vem,
com o Chevrolet Camaro.
É claro que os planos para esses carros foram traçados antes
de, nos EUA, o litro da gasolina
passar de US$ 1. Agora, com os
americanos comprando carros
mais econômicos, a Chrysler já
ajusta a mensagem de marketing do Challenger para enfatizar o estilo, e não a potência.
Com 425 cv (cavalos), o Challenger SRT8 tira a poeira dos
seus antecessores -incluindo o
legendário motor Hemi.
A primeira amostra do efeito
do Challenger no público ocorreu num estacionamento perto
do estádio dos Giants, em Nova
Jersey. Dezenas de máquinas
novas e "vintages" apareceram,
incluindo uma unidade da nova
geração do Dodge Charger, sedã com quatro portas que cede
a plataforma para o Challenger.
"É o carro do Barrett-Jackson?" era uma frase comum, referindo-se ao primeiro Challenger produzido, leiloado pela
Barrett-Jackson em janeiro e
arrematado por US$ 400 mil.
Num parque estadual em
Nova York, Mike McMahon
pulou de seu Audi A4 para avaliar o Challenger. "Não gostei
do desenho de quatro portas do
Charger, mas se redimiram."
Brinquedo
O investimento começa com
US$ 2.100 com o imposto cobrado de glutões de gasolina. E
há uma sede por combustível
"premium": o Challenger registrou a média de 6 km/l, o que
significa que alguém que rode
menos de 25 mil quilômetros
por ano gastaria US$ 4.500.
Todas as montadoras têm o
mesmo discurso: "Fazemos
apenas algumas unidades"; "A
maioria dos proprietários só
usa os "muscle cars" como brinquedos no fim de semana"; "As
pessoas pagam por uma diversão nostálgica". Todas as desculpas são razoáveis, mas repetidas à exaustão.
O interior do Challenger é
outro pequeno desapontamento, pois pouco combina com o
ar retrô do exterior. Os designers parecem ter jogado um
par de bancos esportivos e um
volante da Chrysler, dona da
Dodge -como se sua mãe fosse
convidada para um racha.
De fato, o Dodge transporta
qualquer motorista para um filme de ação dos anos 70. Tudo o
que você precisa é um bigodão e
óculos espelhados -para as
mulheres, microshorts.
Brincadeiras mais arriscadas
são encorajadas pelo computador de bordo, quase um videogame. Ele permite que o motorista teste sua habilidade contra o relógio. Pisca seu melhor
resultado para tudo, da aceleração de 0 a 100 km/h (menos de
5s, segundo a Dodge) às distâncias de frenagem, num desafio
constante de superação.
Museu
Com grande chance de se
tornar item de colecionador, o
Challenger só terá 6.400 unidades produzidas na versão SRT8
no seu primeiro ano -em 1970,
foram construídos 350. Há outras duas versões mais baratas e
econômicas: uma com motor
V6 (seis cilindros em "V"), de
250 cv, e outra V8 (370 cv).
Olhando para 2040, quando
carros elétricos talvez sejam
comuns e a gasolina atinja o
preço da platina, o Challenger
pode se tornar uma genuína peça de museu. Uma memória do
que foi um "muscle car" americano no começo do século 21.
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