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AUTOPEÇA
Selo do Inmetro e nova tecnologia de restauro procuram diminuir a resistência de parte dos consumidores
Fabricantes passam borracha no passado do pneu reformado
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em 2005, entra em vigor compulsoriamente um selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial) que vai atestar a qualidade dos pneus reformados de
carros de passeio. Era o impulso
que faltava ao mercado que, após
amargar uma fase de estagnação,
tem crescido nos últimos cinco
anos graças à evolução tecnológica que criou a remoldagem.
Diferentemente da recauchutagem e da recapagem, a nova técnica recupera a peça toda. O uso de
pneus reformados, que podem
custar de 30% a 50% menos que
um novo, representa economia e
alternativa ecologicamente correta (o material é de difícil decomposição). Mas é preciso cuidado.
"Só não sofri nada grave porque
não havia outros carros na pista",
conta a professora Lia Terezinha
Capparelli Graziano. "No dia em
que meu pai morreu, fui de carro
ao velório. Estava muito calor, e
um pneu estourou. Quando cheguei, troquei por novos e nunca
mais usei os recauchutados."
Sua posição parece isolada, considerando os números do mercado. "Nossas vendas cresceram
10% nos últimos cinco anos", afirma Leôncio Barão, diretor de
marketing da Borrachas Vipal,
empresa gaúcha especializada em
produtos para reforma e reparo.
O Brasil é o segundo maior produtor desse tipo de material, com
11 mil toneladas/mês, atrás apenas dos EUA (23 mil toneladas).
Segundo a ABR (associação de reformadoras), são restaurados cerca de 650 mil pneus por mês.
Os consumidores, no entanto,
ainda carecem de informação, admite o diretor da Aresp (associação dos reformadores paulistas)
Edson Marconato. "Antigamente
a reforma não tinha critério, os
próprios borracheiros faziam."
Critérios
A nova técnica implica, primeiramente, uma análise da carcaça
do pneu que deverá receber as novas bandas de rodagem. A maior
parte das carcaças é importada.
"As da Europa têm pouco uso. As
nossas ficam muito gastas por
causa das estradas e porque os
motoristas usam o pneu até ficar
careca", explica Marconato.
Se a carcaça for diagnosticada
como boa, uma nova cobertura é
vulcanizada sobre ela. Cada peça
pode ser reformada apenas uma
vez. Ao final do processo, o pneu
remoldado parece novo.
Como saber, porém, se a empresa reformadora segue as especificações legais? "Para isso, haverá a certificação", diz Marconato.
Até lá, é bom pedir indicações (taxistas conhecem as lojas).
O gerente de vendas Carlos Alberto Cherubim, por exemplo, recomenda os remoldados. "Já coloquei em dois carros e nunca me
arrependi, nunca furaram ou deram problema", conta.
Alexandre Novaes, coordenador da Comissão de Segurança
Veicular da AEA (Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva), faz restrições. "O fundamental continua sendo a qualidade da carcaça, e não há ultra-som
ou aparelho de raios X para ver se
ela está em boas condições."
(RENATA DE GASPARI VALDEJÃO)
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