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Veículos de duas rodas estrearam de forma improvisada em 68 e hoje desfilam potência no horário nobre
Motonovela
FRANCISCO REIS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A novela "Mulheres Apaixonadas" acabou na semana passada.
Com ela, foram embora as cenas
de possantes motocicletas, ora
passeando devagar pela praia de
Copacabana, ora voando baixo
devido à alegria ou à raiva do ator.
Mas quem vê Erik Marmo pilotando uma Yamaha V-Max, como Cláudio, ou Leonardo Miggiorin, no papel de Rodrigo, com
sua BMW 1200C, não deve pensar
que eles foram os primeiros a utilizar uma moto em novela.
Quem teve essa primazia foi
Luiz Gustavo, na novela "Beto
Rockfeller", transmitida pela extinta TV Tupi, entre novembro de
1968 e novembro de 1969.
A novela de Bráulio Pedroso
contava a história de um vendedor de sapatos que, com intuição
e perspicácia, conseguia penetrar
na alta sociedade. "Naquela épo-
ca não havia tantas concessionárias", lembra José Carlos Tadeo,
gerente de marketing corporativo
da Harley-Davidson.
Por isso as motos eram emprestadas. Tadeo diz que aproveitava
a vaidade das pessoas para conseguir os veículos. "Todo mundo
queria aparecer. Então, emprestavam a moto e acabavam na trama
como se fossem amigos do Beto."
Protagonista
De coadjuvante em "Beto Rockfeller", a moto virou astro na novela "Cavalo de Aço", de Walter
Negrão, que a TV Globo exibiu
entre janeiro e agosto de 1973. Rodrigo (Tarcísio Meira) chegava a
Vila da Prata, interior do Paraná,
em uma possante moto para vingar o extermínio de sua família.
O responsável pelo massacre
havia sido o sr. Max (Zbigniew
Ziembinski). Sua filha, Joana (Betty Faria), tinha se
apaixonado por Rodrigo, criando um triângulo amoroso com
Miranda (Glória
Menezes), mulher rude, quase
masculinizada.
Rodrigo pilotava uma Honda
CB 750F. "Era
muito bonita
mesmo", recorda
Meira. "Era uma
farra, porque todo
mundo queria andar, e a
gente se revezava fora das
gravações. Éramos eu, Darcy Reis,
Stênio Garcia e José Lewgoy."
A Globo comprou uma moto
usada, pois sabia que o ator sofreria algumas quedas, não devido
ao roteiro, mas às péssimas condições dos locais onde algumas
cenas seriam gravadas. "Eu caía
porque não havia estradas, eram
trilhas no meio do mato, a gente
tinha de passar e, às vezes, acabava caindo", lembra Meira.
O sucesso da novela inspirou
Walter Negrão a escrever "Fera
Radical", exibida entre março e
novembro de 1988. Em comum
com "Cavalo de Aço", há o retorno do filho (no caso, filha) para
vingar a morte do pai. No papel
da filha, Malu Mader desfilava
numa Agrale Dakar.
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