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DUAS RODAS
Destinada a motoboys, conversão promete economia de pelo menos 28%
Empresa faz kit de conversão para primeira motocicleta movida a gás
ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Tendo como público-alvo os motoboys, chega nos
próximos meses a
primeira motocicleta a gás do país.
A empresa brasileira de cilindros
e válvulas MAT fez um kit de conversão, que promete economia de
pelo menos 28%. O lançamento
depende de aprovação do Inmetro -o que deve acontecer neste
ano, mas ainda não há data, segundo o órgão.
A Folha e o Instituto Mauá fizeram um teste exclusivo com o
único protótipo existente, montado numa Honda CG Titan 125. Ela
fez 28,6 km por m3 de gás e
38,5 km por litro de gasolina (a
economia se dá porque o gás é
mais barato). Os dois cilindros
com o combustível alternativo ficam na parte traseira. É possível
levar passageiro ou baú.
A estimativa da MAT é que o kit
custe cerca de R$ 1.000, quase
25% do preço de uma moto básica. O engenheiro mecânico Fausto Coimbra Andreotti, 32, gerente
de pesquisa e desenvolvimento da
MAT, diz que isso é compensado
pela economia de combustível,
(cerca de R$ 65 por mês e que pode melhorar, segundo a empresa).
Perigo?
A segurança deve ser considerada. A empresa diz que os cilindros
têm 3,9 mm de espessura, o que os
tornaria resistentes a choques.
Vazamentos por válvulas e tubos
seriam prevenidos com um sistema que reduz drasticamente a saída de gás em caso de rompimento.
O engenheiro mecânico Renato
Romio, 37, professor de motores
térmicos na Escola de Engenharia
Mauá, afirma que o maior risco
não são os cilindros, mas as válvulas e a tubulação. "Elas precisam
ser testadas para verificar a atuação do limitador de vazamento. E
se elas se arrebentarem?"
A Honda não aprova a adaptação. Gaspar Shoji, gerente-geral
de serviços pós-venda, diz que a
alteração "pode comprometer seriamente a segurança do usuário". Também é perdida a garantia das novas.
Andreotti, da MAT, diz que o
protótipo ainda precisa ser aperfeiçoado. Do jeito que está, é desconfortável pilotar. A aceleração
tem de ser forte e de uma vez só, e
é preciso "queimar" a embreagem para sair do lugar. Depois
que se pega o jeito, a moto até vai
bem em velocidades médias e altas, mas fica difícil em baixas.
Quanto à estabilidade, o acréscimo dos 22 kg do kit parece não ter
afetado o desempenho da moto.
Como há um tanque de cada lado,
o equilíbrio mantém-se em manobras no trânsito urbano.
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