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Troca de óleo a vácuo é desprezada
Maioria das montadoras recomenda troca tradicional por permitir extração total de resíduos do cárter
DENISE RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todo o mundo está careca de
saber que a troca de óleo é condição essencial para a longevidade do motor. O que a maioria
dos motoristas não consegue
decidir -com exceção dos que
lêem (e seguem) o manual do
carro- é sobre o método mais
adequado para fazer a troca.
É melhor recorrer à técnica
convencional (gravitacional),
que eleva o carro para escoar o
óleo, abrindo o bujão do cárter?
Ou deve-se optar pelo sistema a
vácuo, que faz a drenagem por
"cima" em quatro minutos? A
sonda de sucção consegue tirar
o óleo sujo do cárter?
"Não consegue", responde
Ângelo Coelho, presidente do
Sindifup (Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do
Estado de São Paulo). Na opinião dele, o método a vácuo é
"prático para quem troca, mas
terrível para o dono do carro".
Coelho diz ter ajudado a fazer o laudo de um motor fundido de um Chevrolet Corsa com
45 mil quilômetros por acúmulo de borra de óleo, que ele atribuiu aos resíduos deixados pela
troca a vácuo. "O consumidor,
que guardara as notas do serviço, conseguiu que o posto arcasse com os custos da retífica."
"A técnica a vácuo não pode
ser responsabilizada por isso",
contesta Zauri Candeo, presidente do Sindimotor (Sindicato de Remanufaturamento e
Retífica de Motores do Estado
de São Paulo). Segundo ele,
mistura de óleos de composições diferentes (mineral com
sintético) e combustível ruim
ajuda na formação de borra.
Candeo afirma nunca ter enfrentado problema com a técnica. "Mas a máquina tem de ser
operada por funcionário bem
treinado, que verifique o nível
de óleo retirado. Se é um motor
com quatro cilindros, tem de
sair quatro litros."
Diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), Harley Bueno reforça a defesa da técnica gravitacional:
"O óleo lubrifica porque partes
do motor têm atrito. Todo atrito provoca desgaste, gerando
perda de metal. Ainda que microscópicos, os resíduos não
são totalmente sugados".
Ele, no entanto, ressalta as
vantagens da técnica de sucção:
"É mais fácil, mais limpa, mais
versátil". E dá a orientação que
considera fundamental: "Mais
importante que o método usado é trocar sempre o óleo quando chega a hora".
Fábricas
Entre as montadoras, a balança pende a favor da troca
tradicional. A Volkswagen, por
exemplo, não recomenda a troca por sucção pelo risco de que
"porção significativa" de óleo
usado fique no cárter. "Isso
contamina o novo óleo e compromete gradativamente a vida
útil do motor", disse por e-mail.
Pelo mesmo motivo, a Ford
não oferece o método a vácuo
em sua rede. "Na troca por cima, a vareta fica só num lugar e,
se houver alguma sujeira depositada por decantação no fundo
do cárter, ela não conseguirá
sugá-la", argumenta Reinaldo
Nascimbeni, engenheiro supervisor de serviços técnicos
automotivos da Ford.
A General Motors diz que o
método tradicional é "o procedimento correto para a troca de
óleo do motor dos veículos
Chevrolet". Para a Citroën, é
procedimento internacional a
troca de óleo, do filtro e do anel
de vedação do bujão a cada 10
mil quilômetros, em condições
normais de uso.
A Peugeot é a única categórica na defesa do método por sucção. "A sonda de extração do
óleo chega bem próximo ao
fundo do cárter, facilitando a
drenagem por completo do
óleo", afirma o coordenador
técnico Marcelo Brandão.
Ele explica que o bujão de escoamento do cárter fica mais
alto para que o processo a vácuo seja priorizado. Além disso,
para a Peugeot, o método evita
o contato do lubrificante com
borracha, além de ser mais
"saudável" ambientalmente.
Empate
A Mercedes-Benz oferece os
dois sistemas e acredita que
ambos cumprem a função. Mas
alerta que, na troca por sucção,
cada motor pede um ajuste de
pressão diferente. "Se for usada
a mesma pressão num sedã
com motor 5.0 V8 e num Classe
A 1.6, o resultado da troca não
será o mesmo", ressalta a área
técnica da montadora.
A Fiat também deixa o motorista livre. "A troca de óleo é necessária por causa de desgaste.
Ao perder a viscosidade, deixa
de funcionar em condições
ideais", diz o assessor técnico
Carlos Henrique Ferreira.
Ferreira avisa que a troca varia de acordo com as condições
de uso. Assim, o dono de um
carro novo que roda pouco pode esperar um ano ou 15 mil
quilômetros, mas a metade se
faz "uso severo" do motor: estradas de terra, trânsito urbano
pesado, congestionamentos e
trechos curtos percorridos.
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