São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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PREÇO REAL

Levantamento mostra que manter carro financiado por um ano custa quase o mesmo que o preço à vista
Finaciamento exige raciocínio matemático

MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todo mundo quer comprar seu carro à vista, mas, no ano passado, só 30% dos veículos comercializados no país foram adquiridos dessa maneira. Para eleger a melhor forma de comprar um automóvel, é bom estar atento às vantagens e desvantagens de cada modelo e atacar o problema com olhos de matemático-financeiro. O levantamento feito pela Folha revela que, de um modo geral, o valor despendido no primeiro ano para manter um "popular" financiado -somando todos os gastos, a entrada paga e as 12 parcelas do financiamento-, é próximo do preço total de tabela do 0-km. Com uma entrada de 35% e o restante financiado em 60 meses, o preço final do carro é 43% maior que a importância à vista. O valor da dívida aumenta, em média, 66% nos cinco anos. O Mille tem o segundo parcelamento mais caro, só ficando atrás do Corsa. Empatam como os mais baratos o Clio e o Celta. São três as modalidades de financiamento mais utilizadas: consórcio, CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e leasing. Em 2002, apenas 3% das vendas de veículos foram por leasing -em 2005, o número saltou para 15%. O consórcio foi responsável por 8%, e o CDC representou 47% dos automóveis vendidos em 2005. O conselho dos especialistas é poupar pelo menos 20% do valor do automóvel para dar como entrada em qualquer modalidade. "O brasileiro não tem cultura de poupar. E fazer poupança em uma economia de juros altos é melhor", diz Luiz Montenegro, presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras). Segundo ele, em geral, as pessoas que poupam conseguem adquirir um carro por volta do terceiro ou do quarto ano de vida profissional.

Parecidos
Para o consultor de matemática financeira José Dutra Sobrinho, o leasing e o CDC são opções parecidas na prática e por isso vale a pena ver qual delas oferece parcela menor. "As pessoas ficam receosas porque no leasing a documentação do carro não fica no nome delas, mas, no CDC, o carro fica alienado fiduciariamente e só pode ser vendido com permissão da financiadora ou quando quitadas todas as parcelas." No leasing, o comprador tem ligeira vantagem nos tributos: não paga IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Já no CDC, as taxas de juros são pré-fixadas e variam de 1,9% a 2,5% para carros novos. Para os usados, a média é de 3%. Já o consórcio pode valer a pena ou ser um péssimo negócio. Os últimos sorteados teriam feito melhor negócio aplicando o valor das prestações na poupança ou em fundo de renda fixa. "Comprariam à vista e sobraria dinheiro", diz Dutra. A consultora financeira Márcia Dessen, da BankRisk, ressalta que as menores taxas estão nas montadoras.


Colaborou MARLENE PERET


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