São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003 |
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CONFORTO Montadoras e oficinas empregam tecnologia e improvisação para tentar reduzir ruídos dentro dos carros Caça a barulhos usa até psicologia e laser
ARMANDO PEREIRA FILHO EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO Precisos raios laser, simulações gráficas em poderosos computadores, câmaras à prova de som e prosaicos nacos de espuma. Universidades, montadoras e oficinas usam todos os recursos que a tecnologia e a improvisação permitem para tentar acabar com os ruídos dentro dos carros. Até um ramo do conhecimento científico passou a ser usado em grande escala na última década na indústria automobilística -a psicoacústica, uma espécie de psicologia do som para definir o que é ruim ou bom em termos sonoros. José Roberto de França, 49, professor titular da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e responsável pelo Laboratório de Vibroacústica da instituição, diz que, nos carros, os ruídos geralmente são gerados por vibrações de superfícies. Ou seja, alguma coisa está chacoalhando. Segundo ele, grande parte dos sons que causam prejuízo aos ouvidos já foram resolvidos. "Só restam os aspectos de conforto, mais subjetivos", explica. Para o professor, o barulho dos pneus é o próximo grande desafio da indústria automobilística. Entre os ruídos mais comuns, estão o próprio barulho do motor, a fricção de plásticos, a fiação, as peças soltas no painel ou nos bancos e o atrito do vento e dos pneus (veja quadro ao lado). Segundo técnicos, os vilões, além de erros de projeto, geralmente são ruas e estradas esburacadas. Nos carros mais luxuosos, um "pacote acústico" reveste a lataria e os torna mais silenciosos, de acordo com o engenheiro mecânico Wellington Castanha de Oliveira, 29, gerente de produto da SMARTtech, que fornece equipamento para análise sonora. Esse pacote é uma sequência de materiais, como manta asfáltica, que isolam o som. Nos carros "populares", isso é diminuído ou eliminado. O engenheiro mecânico José Celso Mazarin, 51, gerente dos laboratórios do campo de provas da General Motors em Indaiatuba (SP), admite a diferença. "Um carro de luxo tem um compromisso diferente. É natural. Um "popular" custa R$ 15 mil, um médio, R$ 40 mil. Mas até isso está mudando. As vendas expressivas estão melhorando a qualidade dos "populares". Essa distância vai ser menor em algum tempo." Próximo Texto: Rádio do futuro fará ruído para obter o silêncio Índice |
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