|
Próximo Texto | Índice
Mágica no shopping
Estacionamentos dificultam a vida de motoristas; vaga deve ter no mínimo 2 m x 4,2 m
RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Encontrar uma vaga livre
num shopping center é um desafio. Em São Paulo, onde há
mais de 6 milhões de veículos, a
tarefa é ainda mais complicada.
E nem sempre o espaço nas vagas é suficiente para o carro
-isso quando o motorista consegue subir a rampa de acesso.
Quanto maior o carro, maior
o problema. Para o empresário
Marcos Paulo de Andrade, 36,
que tem um Audi Q7, o passeio
acaba virando sofrimento. "Já é
difícil encontrar uma vaga. Para meu carro, então, é quase
impossível. Pouca gente se
lembra desses modelos quando
constrói um estacionamento."
Em meio a tanto aperto, até
donos de compactos enfrentam
problemas. "Quando vi, já tinha
raspado na parede", lamenta a
estudante Juliana Pinheiro, 23,
dona de um Fiat Palio.
O número de vagas e o tamanho delas são estabelecidos pelo uso -shopping é "uso coletivo". O COE (Código de Obras e
Edificações) separa metade da
garagem para os carros pequenos. Outros 45% são reservados para os médios; 5%, para
grandes. Deficientes físicos
têm direito a 3% das vagas.
A Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers)
não tem registro de quantos
acidentes acontecem nos estabelecimentos associados.
Mas Roberto de Oliveira, 38,
que trabalha no estacionamento de um shopping -mas pede
para que o nome não seja divulgado-, afirma que é comum
encontrar marcas nas paredes.
"Um em cada dez carros acaba
raspando ao manobrar para entrar na vaga ou na rampa."
Segundo Nabil Georges Bonduki, professor da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da
USP, quando há mais espaço
destinado à garagem, é do responsável pelo projeto a decisão
de aumentar o tamanho das vagas ou sua quantidade.
"A tendência é aumentar o
número de vagas porque os
proprietários querem tirar o
máximo proveito possível dos
estacionamentos."
Em relação à distância entre
as vagas, não há um mínimo
obrigatório. O COE afirma que
deve haver espaço suficiente
para o veículo e para a saída do
motorista. Mas quem tem marcas nas laterais do carro discorda. "Você sai cheia de sacolas,
não consegue passar e, na hora
de entrar, sempre bate a porta
no carro ao lado", reclama a jornalista Gisleine Caron, 42.
Aeroporto
Não são só as vagas que causam dor de cabeça. Em muitos
shoppings, a aventura está ainda na rampa de acesso do estacionamento, com subidas em
caracol, pistas estreitas e inclinações que exigem muito do
carro e do motorista.
"Não conseguia passar da
metade. Tentei de tudo, mas
meu carro [Ford Fiesta] descia.
Sorte que não havia outros
atrás", narra a professora Patrícia Fernandes Gomes, 26,
quando tentou entrar no shopping Metrô Santa Cruz.
A inclinação e a largura das
rampas de acesso também dependem do COE. Em geral, a
inclinação máxima é de 20%
quando o estacionamento é
usado por veículos leves.
Inclinações mais elevadas
são permitidas se acompanhadas de soluções técnicas. Um
dos recursos é fazer pequenas
ranhuras nas rampas, semelhantes às usadas na pista do
aeroporto de Congonhas.
O concreto irregular, que dá
mais atrito, ajuda a "empurrar"
o carro para cima.
Próximo Texto: Onde encontrar vagas Índice
|