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A visão de quem corre
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA
A avaliação feita pela ProTeste é bem-vinda, pois dá verniz
científico a impressões que temos no asfalto. Mas tenho dúvidas se corredores experientes
assinariam embaixo sem fazer
alguns comentários, ainda que
os modelos apontados como
melhores estejam efetivamente entre os mais bem considerados do mercado.
Ao longo de dez anos de corrida, 24 maratonas e ultras e
dezenas de provas em menores
distâncias, aprendi que um dos
critérios para escolher um bom
tênis é o espaço que ele oferece
à parte da frente dos pés, a liberdade que dá aos dedos. Na
batucada incessante no chão,
os pés incham, e o que parecia
amplo salão vira cela de castigo.
Pois é nesse quesito que o design da Adidas não se destaca:
seus modelos costumam ser
elegantes e afilados. Confortáveis, mas não para pés largos.
A linha Nimbus, da Asics, há
vários anos é considerada a melhor entre as famílias de tênis
de amortecimento, para pisada
neutra ou supinada. Ganhou
diversos prêmios, com destaque para os da prestigiosa revista norte-americana "Runner's World". Mas, na impressão de meus pés, a empresa parece ter deitado nos louros. Fez
um excelente Nimbus 7, mas o
8 já apresentou problemas de
design e o 9, analisado pela Pro
Teste, perdeu exatamente a
grande vantagem da linha, pois
a parte frontal foi estreitada
-cheguei a usar um, mas acabei tendo de passá-lo adiante.
Quanto ao tido como escolha
certa pela ProTeste, o Pegasus
é, de fato, uma mosca branca na
linha Nike, que se caracteriza,
como a Adidas, por modelos
um tanto apertadinhos. Em
conforto e amortecimento, é
bom, mas abaixo do Nimbus e
do Creation -no que discordo
da avaliação da ProTeste. De
qualquer forma, é boa opção
para quem faz treinos de até
uma hora de duração e dá preferência a corridas curtas, de
até 10 km. Pela minha experiência, depois desse tempo ou
distância o conforto inicial diminui a passos largos.
RODOLFO LUCENA, 51, é ultramaratonista, autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas
nos Cinco Continentes" (ed. Record)
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