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Parece, mas não é
Com exceção da maçã do amor, nada nesta imagem é comestível. A indústria da beleza investe no apelo culinário, dos ingredientes às embalagens de cosméticos
FREITAS
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SABONETES vegetais em formato de suspiro e maçã. R$ 22, 90 a caixa com duas unidades, no Boticário
LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE
A imagem-clichê da mulher
com rodela de pepino nos olhos
não pertence só ao passado. Faz
conexão com o presente, porque esta é a era dos cosméticos
gourmand. No século 21, a indústria de beleza aposta em ingredientes de uso culinário.
A Natura relançou este ano
uma linha nesse tom, com 44
produtos. A linha gourmand da
Avon, criada em 2005, hoje
conta com 14 itens, cinco lançados este ano. A L'Occitane colocou 22 produtos desse tipo no
mercado nos últimos meses.
Além de fórmulas com ingredientes naturais e aromas saídos da cozinha, formas e embalagens remetem a comida. A
idéia é fisgar a consumidora pelo estômago, fazê-la salivar antes mesmo de saber dos supostos benefícios estéticos.
"É a era do sensorial. Cosmético tem que dar prazer. Aí entra o lado gustativo", diz a engenheira e cosmetóloga Sonia Corazza. "Hoje é grande a percepção retronasal, o fazer salivar.
Olfato e paladar liberam endorfina, as pessoas ficam felizes e a
pele, mais bonita", diz.
"Cosmético não é só necessidade, é prazer tátil, visual. Isso,
mais o beneficio do ingrediente", diz Rebeca Gabrielli, 35, gerente da L'Occitane no Brasil.
Segundo a dermatologista
Mônica Fiszbaum, ativos naturais funcionam melhor em cosméticos do que "in natura".
"Quando são manipulados ou
feitos pela indústria, têm todo
um preparo, um pH ideal e são
regulamentados", diz. Entre os
ingredientes que ela usa em
suas fórmulas estão açaí, rico
em vitamina C, água de maracujá, que controla a oleosidade,
e semente de damasco, um esfoliante natural.
Cosméticos gourmands buscam trabalhar os cinco sentidos. Não por acaso, os cremes
parecem sobremesas. "Pacientes não gostam de cremes muito melados, por isso texturas de
espumas e musses são usadas.
Secam rápido e dão sensação de
limpeza", diz Mônica.
"Buscamos texturas que se
pareçam mais com alimentos",
diz Oduvaldo Viana, gerente de
inovação da Natura. É esse
também o foco da Avon, diz a
gerente Elisabete Rodrigues.
Embalagens e formatos estão
mais tentadores: cremes em
bisnaga de confeiteiro, sabonetes iguais a chocolates...
Mas o melhor do cosmético
gourmand é que esse é um prazer que não faz ninguém ganhar quilinhos a mais.
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