São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidaseticas@folhasp.com.br]

Quando a arquitetura é considerada sustentável?

CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A arquitetura sustentável é aquela que busca minimizar o impacto da construção no ambiente, maximizando a eficiência dos recursos naturais usados pelo imóvel. As técnicas empregadas incluem as que aumentam o reuso de água, a obtenção de energia alternativa e o conforto térmico e acústico. A definição é de Bruno Roberto Padovano, 57, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP.
Já para Vera Tangari, professora da FAU da UFRJ, o termo virou um chavão e precisa ser melhor qualificado. "Toda arquitetura é sustentável. Ela pode ser mais ou menos sustentável. O grau em que você usa os recursos vai determinar o quão sustentável vai ser essa arquitetura", diz.
As preocupações da arquitetura (mais) sustentável vão além das questões ambientais e englobam também questões sociais, como a inclusão e a sociabilidade.
"A relação que as pessoas têm com os edifícios é funcional: são feitos para morar e não se relacionam com o entorno. A arquitetura sustentável defende uma mistura desses usos. Busca evitar os grandes condomínios-clube, que se isolam", afirma Padovano.
Um exemplo dado pelo professor da USP são os prédios com muitos vidros que absorvem muito calor e exigem ar-condicionado ligado o ano inteiro. "Uma construção que se preocupa com uma boa ventilação natural talvez dispense completamente o ar-condicionado num clima quente como o nosso", diz.
Para a professora da UFRJ, o mais importante para determinar o grau de sustentabilidade de um prédio é a resposta arquitetônica que o edifício dá, face a um determinado contexto. "A primeira coisa é o conforto ambiental que o edifício proporciona, como a orientação solar e de ventos. O segundo fator é o material usado, que tem que estar disponível na região da obra. Por último, o processo construtivo deve ter menos desperdício, como ocorre nas construções pré-fabricadas, que geram menos resíduos", afirma Vera.
Os "edifícios verdes" são exemplos que concentram essas práticas responsáveis. Existem no mundo diferentes órgãos que estabelecem critérios e dão o "selo verde" para construções que seguem práticas sustentáveis de produção.
Entre os padrões mais importantes estão o norte-americano LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o francês HQE (Haute Qualité Environnementale) e o britânico Code for Sustainable Homes. "Para ter o selo, o edifício tem que cumprir vários itens que vão desde a localização do terreno, passando pela mão-de-obra até o material usado", explica Vera.


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