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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidaseticas@folhasp.com.br]
Quando a arquitetura é considerada sustentável?
CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL
A arquitetura sustentável é
aquela que busca minimizar o
impacto da construção no ambiente, maximizando a eficiência dos recursos naturais usados pelo imóvel. As técnicas
empregadas incluem as que aumentam o reuso de água, a obtenção de energia alternativa e
o conforto térmico e acústico. A
definição é de Bruno Roberto
Padovano, 57, professor da
FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP.
Já para Vera Tangari, professora da FAU da UFRJ, o termo
virou um chavão e precisa ser
melhor qualificado. "Toda arquitetura é sustentável. Ela pode ser mais ou menos sustentável. O grau em que você usa os
recursos vai determinar o quão
sustentável vai ser essa arquitetura", diz.
As preocupações da arquitetura (mais) sustentável vão
além das questões ambientais e
englobam também questões
sociais, como a inclusão e a sociabilidade.
"A relação que as pessoas
têm com os edifícios é funcional: são feitos para morar e não
se relacionam com o entorno. A
arquitetura sustentável defende uma mistura desses usos.
Busca evitar os grandes condomínios-clube, que se isolam",
afirma Padovano.
Um exemplo dado pelo professor da USP são os prédios
com muitos vidros que absorvem muito calor e exigem ar-condicionado ligado o ano inteiro. "Uma construção que se
preocupa com uma boa ventilação natural talvez dispense
completamente o ar-condicionado num clima quente como o
nosso", diz.
Para a professora da UFRJ, o
mais importante para determinar o grau de sustentabilidade
de um prédio é a resposta arquitetônica que o edifício dá,
face a um determinado contexto. "A primeira coisa é o conforto ambiental que o edifício proporciona, como a orientação
solar e de ventos. O segundo fator é o material usado, que tem
que estar disponível na região
da obra. Por último, o processo
construtivo deve ter menos
desperdício, como ocorre nas
construções pré-fabricadas,
que geram menos resíduos",
afirma Vera.
Os "edifícios verdes" são
exemplos que concentram essas práticas responsáveis. Existem no mundo diferentes órgãos que estabelecem critérios
e dão o "selo verde" para construções que seguem práticas
sustentáveis de produção.
Entre os padrões mais importantes estão o norte-americano LEED (Leadership in
Energy and Environmental
Design), o francês HQE (Haute
Qualité Environnementale) e o
britânico Code for Sustainable
Homes. "Para ter o selo, o edifício tem que cumprir vários
itens que vão desde a localização do terreno, passando pela
mão-de-obra até o material
usado", explica Vera.
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