São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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Cerca de 90 obras, de artistas como Renina Katz, Cícero Dias, Brennand, Geraldo de Barros e Wesley Duke Lee, podem ser vistas no metrô de SP

Galeria subterrânea

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Ao fundo, detalhe de "In Vitro", trabalho do artista plástico carioca Mário Fraga composto por 42 peças de vidro e exposto na estação Anhangabaú, na linha vermelha do metrô de São Paulo


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

No metrô de São Paulo, convivendo com anúncios publicitários, correria e, claro, com os trens, quase uma centena de obras de arte, entre pinturas, esculturas, gravuras e colagens, recheia suas galerias -pensadas para o transporte e improvisadas para a arte.
A ocupação desses espaços com a produção brasileira -projeto "Arte no Metrô"- teve início em 1978, ano da inauguração da estação da Sé, com a intenção de humanizar os locais. Desde então, outras 29 paradas do metropolitano ganharam seus representantes contemporâneos nacionais.
A inauguração mais recente ocorreu há menos de um mês, com "In Vitro", instalação do artista carioca Mário Fraga composta por 42 peças em vidro coloridas, a primeira obra de arte da estação Anhangabaú, que, com curadoria da artista plástica Lygia Pape, estabelece jogos de luz e sobreposição com as cores e a translucidez do material.
A proposição de uma nova obra para o metrô parte dos próprios artistas plásticos, que devem apresentar seu projeto à companhia. "Observamos o currículo do artista e o tipo da obra, pois evitamos aquelas compostas por material de fácil deterioração. O tema não importa tanto", explica João Paulo Gosling, da Área de Comunicação e Marketing do Metrô, órgão responsável pelo projeto. "Em seguida, a escolha é apreciada por um conselho consultivo de arte, com representantes de museus e escolas."
Os trabalhos não são pagos pelo metrô, que arca com a manutenção da obra, realizada pela própria equipe de limpeza, "mas seguindo as orientações do artista", segundo Gosling. Cabe ao artista angariar ou arcar com os recursos para a realização da obra.
Os trabalhos variam imensamente de estação a estação e mesmo dentro de um mesmo espaço. A Sé, por exemplo, guarda desde um mosaico de pastilhas de vidro de Claudio Tozzi a uma pintura de Mário Gruber, dos módulos esverdeados de Renina Katz a um bronze de Alfredo Ceschiatti, tudo em dimensões proporcionais às do metrô.
Ao longo da linha verde, convivem menos obras, mas a arte contemporânea não fica sub-representada. A estação Brigadeiro traz painéis do pernambucano Cícero Dias e do luso-brasileiro Fernando Lemos. Na Trianon-Masp, estão Wesley Duke Lee, com seu "Espelho Mágico da Pintura no Brasil", e o "Pássaro Rocca" de Francisco Brennand. Mais à frente, a Consolação tem um painel de Tomie Ohtake, e a estação Clínicas exibe pintura de Geraldo de Barros, que integrou os grupos Ruptura e Rex -aqui, ao lado do supracitado Duke Lee.
Na estação Sumaré, Alex Flemming mostra serigrafias de rostos anônimos nas placas de vidro, que podem ser vistas da rua.



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