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CINEMA
Mostra "A Luta do Povo" apresenta até 12 de janeiro 11 produções brasileiras, de "ABC da Greve" a "Uma Onda no Ar"
Ansiedades sociais ocupam Centro Cultural
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
A temática social tem se mostrado em voga dentro da recente e
bem-sucedida produção do cinema brasileiro, exemplificada em
êxitos como "Cidade de Deus" e
"Ônibus 174". O Centro Cultural
São Paulo, com o ciclo "A Luta do
Povo", mostra até o próximo dia
12 produções interessadas em retratar ansiedades sociais.
Segundo o curador do ciclo,
Plácido de Campos Jr., também
coordenador do núcleo de cinema e vídeo do CCSP, foi a própria
vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002 para a Presidência da República que inspirou a realização do projeto.
Tanto que Campos Jr. considera
o documentário "ABC da Greve",
de Leon Hirszman (1937-1987),
como a obra de maior destaque
dentro da mostra. A ebulição do
movimento operário paulista é
registrada no filme, a partir da
greve de 1979, que mobilizou cerca de 80 mil operários. O protesto
fez parte da sequência de manifestações em que despontou nacionalmente a liderança de Lula
no sindicalismo.
Mas a mostra não tem o pé fincado somente no chão de fábrica
e inclui tensões campesinas, com
a exibição de dois documentários
de Tetê Moraes sobre o processo
de ocupação e assentamento de
uma fazenda no noroeste gaúcho.
"Terra para Rose" e "O Sonho de
Rose - Dez Anos Depois" têm como fio condutor a vida da integrante do Movimento Sem-Terra
Rosely Seleste Nunes da Silva.
Também ambientado no campo, "Cabra Marcado para Morrer" (1984) é uma boa oportunidade para ver outro grande momento da filmografia do veterano
diretor Eduardo Coutinho, atualmente em cartaz com o seu "Edifício Master".
O documentário sobre o líder
camponês João Pedro Teixeira,
assassinado em 1962, levou 20
anos para ser concluído e lançado, devido à interferência direta
de forças do regime militar, que
proibiram as filmagens.
O período aparece mais uma
vez dentro do ciclo, de forma bem
menos direta, no clássico "Terra
em Transe", em que Glauber Rocha representa, metaforicamente,
a crise de identidade da militância
quando mudam os ventos políticos -mas, no caso, tudo ocorre
na fictícia Eldorado.
A safra atual é representada por
uma parcela minoritária, que aparece com "Notícias de uma Guerra Particular", de João Moreira
Salles, e "Uma Onda no Ar", dirigido por Helvécio Ratton, que diferem não na qualidade, mas nos
temas enfocados -o primeiro vê
a relação de uma comunidade
com o tráfico e o segundo é centrado nas rádios comunitárias.
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