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Lula inflaciona "cozinha do poder"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fiel à promessa de campanha
de ser um presidente cercado por
conselheiros o tempo todo, Luiz
Inácio Lula da Silva ainda tenta
acomodar por perto alguns ministros e secretários que tiveram
de começar o trabalho no governo em salas improvisadas.
Lula prometeu espaço no centro
-ou na "cozinha"- do poder a
algumas pessoas para evitar tomar uma decisão solitária, mas a
divisão de espaço ainda não foi
definida, obrigando assessores a
ocuparem locais alternativos.
Um exemplo é o secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, que
despacha provisoriamente em
uma sala do prédio anexo ao Palácio do Planalto.
Tarso recebeu de Lula a promessa de que vai se mudar para
local mais prestigioso, mas não
tem previsão de quando isso irá
acontecer. Outros auxiliares que
despacham provisoriamente fora
do Planalto -e igualmente receberam a promessa de mudança
em breve- são os titulares dos
recém-criados Ministério Extraordinário do Combate à Fome
e da Segurança Alimentar, José
Graziano, e da Secretaria Especial
de Políticas para Mulheres, Emília
Fernandes.
Graziano está no prédio do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, enquanto Emília Fernandes ficou na Justiça.
Os assessores especiais também
têm espaço assegurado por Lula.
O primeiro já instalado, Marco
Aurélio Garcia, para assuntos internacionais, foi colocado estrategicamente no terceiro andar do
Planalto -o mesmo pavimento
do gabinete do presidente.
Em processo de adaptação a
tantas mudanças, o corpo de funcionários da Casa ainda tem dificuldades para identificar o mapa
do poder petista .
"Esse tal"
Na última sexta-feira, as telefonistas do Planalto não estavam
conseguindo identificar Graziano
e Garcia. "Esse Marco Aurélio
Garcia tem alguma função no governo?", disse uma atendente que
não conseguia localizar o ramal
do assessor especial de Lula.
Na geografia do poder petista,
dois membros do chamado núcleo duro do governo ficaram fora
do Palácio do Planalto. Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo) terão seus gabinetes na Esplanada dos Ministérios.
Com atribuições ampliadas, o
homem-forte do Planalto, depois
do presidente Lula, será o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que tem seu gabinete no
quarto andar do palácio.
Nesse pavimento também estão
instalados o secretário-geral da
Presidência, Luiz Dulci, e o ministro do Gabinete da Segurança Institucional, o general Jorge Armando Félix.
O ministro da Casa Civil deverá
ter força no Planalto pela proximidade com Lula, já que foi um
dos principais estrategistas da
campanha, e também devido ao
perfil discreto do petista Dulci e
do militar Félix.
Hábitos
A distância física de Palocci e
Gushiken em relação a Lula não
deverá se traduzir em menos poder para os dois. O primeiro tem o
aval de Lula para conduzir a área
econômica mantendo a política
monetária do governo anterior. O
segundo é um antigo amigo que
faz as vezes de conselheiro político e pessoal.
Além da mudança de personagens, nota-se também uma alteração de hábitos na comparação entre Lula e Fernando Henrique
Cardoso. O primeiro acorda cedo,
geralmente às 6h, e pediu ao chefe
de gabinete, o amigo e dirigente
petista Gilberto Carvalho, que
marque compromissos no Planalto a partir das 7h30.
Já FHC gostava de acordar mais
tarde, em torno das 8h, e, geralmente, iniciava seus despachos
no Planalto a partir das 9h30 ou
10h da manhã.
Há uma coincidência entre Lula
e FHC: ambos gostam de marcar
jantares à noite para receber políticos e amigos. Geralmente, gostam de refeições pesadas. Tanto
Lula quanto FHC têm fama de ter
"estômago forte".
As diferenças voltam a se manifestar em relação às bebidas. O petista prefere os destilados, como
uísque ou cachaça mineira de boa
safra. O tucano é fã dos vinhos, especialmente os tintos, para acompanhar as refeições.
Lula fez poucas solicitações, como uma máquina de café expresso. O restaurante do Planalto, no
entanto, se encarregou de "homenageá-lo": serviu rabada com polenta, prato preferido do presidente, na sexta-feira.
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