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Na CPI, reitor da UnB se exime de culpa por compra de mobília
Timothy Mulholland também rebate tese de promotores de que valor investido em apartamento deveria ser destinado a pesquisa
Dirigente nega confusão entre o público e o privado e
afirma lamentar "o abalo na
imagem da universidade que resultou da polêmica"
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após quase um mês de silêncio, o reitor da UnB (Universidade de Brasília), Timothy Mulholland, afirmou ontem em
depoimento à CPI das ONGs
que não teve responsabilidade
pela decoração e mobília do seu
apartamento funcional com
produtos de luxo.
Mulholland disse lamentar o
dano à imagem da universidade
que o escândalo do apartamento causou, mas em nenhum
momento afirmou ter feito um
erro. "Pessoalmente, eu lamento enormemente o abalo na
imagem da universidade que
resultou dessa polêmica."
Durante a sessão, acompanhada por professores e funcionários da UnB próximos ao reitor, ele atribuiu a compra dos
móveis e eletrônicos à "área
técnica" da universidade.
Questionado sobre a compra
de cinco televisores de plasma
para o apartamento, afirmou
apenas: "Não sei explicar, não
foi decisão minha". Na última
entrevista que havia concedido
sobre o caso, em janeiro, ele defendeu no "Jornal Nacional"
que fosse comprado "material
durável". "Não se mobilia uma
casa de qualquer maneira."
À CPI o reitor negou confusão entre o público e o privado.
Mulholland rebateu a tese dos
promotores de que o dinheiro
investido no imóvel -R$ 470
mil, segundo o Ministério Público, e R$ 350 mil, de acordo
com a UnB- teria de ser destinado a pesquisas.
Embora tenha admitido que
os recursos para pesquisa no
país são insuficientes, disse que
o uso da verba condiz com a rubrica "desenvolvimento institucional". "A preparação do
imóvel não se deu em prejuízo
de qualquer programa da UnB,
especialmente de pesquisa."
A verba para o imóvel faz parte de um fundo constituído por
recursos da Finatec (fundação
ligada à UnB). Porém, seu uso é
decidido pela diretoria da Fundação UnB -mantenedora da
universidade-, da qual Mulholland é presidente. "A Finatec
tinha todo o direito de recusar
[o pagamento dos móveis]."
Em depoimento mais cedo,
dois dos promotores que investigam o caso -Ricardo Antônio
de Souza e Gladaniel Pereira-
reafirmaram que o dinheiro deveria ter sido alocado em pesquisa, voltaram a acusar a Finatec de burlar regras de licitação
e apontaram um "caráter empresarial" na entidade.
ONGs
Na mesma sessão, o senador
Álvaro Dias (PSDB-PR) questionou o reitor sobre repasses
de R$ 515 mil da UnB a três entidades supostamente comandadas por petistas em 2005.
As entidades são as ONGs Saber, Cidadão do Futuro e Cata-Ventos Juventude e Cidadania.
Mulholland disse que assumiu
o cargo em novembro de 2005 e
em 2006 fechou a secretaria
que fez os repasses por "ela não
estar prestando os serviços que
se esperava".
A Folha ligou ontem à tarde
para as ONGs Saber e Cata-Ventos, mas ninguém atendeu.
A reportagem não conseguiu
localizar a Cidadão do Futuro.
Colaboraram ADRIANO CEOLIN e LUCAS FERRAZ, da Sucursal de Brasília
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