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MINAS GERAIS
Com 61%, tucano tem chances de vencer no 1º turno, ao contrário de disputas acirradas do passado
Aécio rompe tradição e deve ser eleito hoje
PAULO PEIXOTO
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O candidato Aécio Neves
(PSDB), 42, presidente da Câmara
dos Deputados, deverá ser eleito
hoje governador de Minas Gerais,
rompendo uma tradição histórica
de disputas acirradas pelo Palácio
da Liberdade.
Desde a eleição de 1947 -que é
o dado mais antigo disponibilizado pela Justiça Eleitoral em Minas-, nunca um candidato ao
governo estadual se aproximou
da votação que Aécio deverá ter
hoje. Pesquisa Datafolha realizada na sexta e ontem indica sua vitória no primeiro turno com 61%
dos votos válidos.
Os votos válidos são os que contam para a definição do resultado,
e não o total de votos. O deputado
federal Nilmário Miranda (PT)
aparece em segundo lugar com
20%, seguido pelo atual vice-governador, Newton Cardoso
(PMDB), com 14%.
O Datafolha ouviu 2.445 eleitores em 86 municípios. A margem
de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para
menos.
Além de quebrar esse ciclo de
disputas acirradas, o candidato
tucano deve ser o primeiro governador a se eleger no primeiro turno desde a instituição da eleição
em dois turnos, a partir de 1990.
A média da diferença entre o
primeiro e o segundo colocado
nas dez eleições ocorridas desde
1947 é de 11,7 pontos percentuais
-de 66 a 81, governadores eram
nomeados pelo regime militar.
Nas duas disputas que Tancredo Neves, avô de Aécio, participou, as eleições foram muito acirradas. Em 1960, Tancredo (PSD)
perdeu para Magalhães Pinto
(UDN) por uma diferença de 5,3
pontos. Em 1982, disputando pelo
PMDB, venceu Eliseu Resende
(PDS) por 4,6 pontos.
Novo tempo
Aécio entrou nesta disputa com
o apoio de 12 partidos e muitas lideranças políticas, com destaque
para o governador Itamar Franco
(sem partido). A unidade política
proposta por Aécio causou debandadas. No PMDB de Newton,
dirigentes do partido estimam
que metade do partido abandonou o barco newtista.
Essa unidade faz com que ele
vislumbre vôos ainda mais altos e
um novo tempo na política mineira. Quer trânsito livre em Brasília, fala em liderar uma frente de
governadores, apoiar o presidente eleito, seja quem for, e reduzir a
influência política de São Paulo.
Não esconde o desejo de chegar à
Presidência -cargo para o qual
já foi lançado por Itamar.
"Vamos ousar mais. Conversar
mais com o próximo presidente
da República, seja ele qual for. Minas tem de voltar a crescer mais
do que a média nacional", disse.
E acrescentou: "Eu vou ser um
governador que vai administrar o
Estado com propostas criativas e
buscar parcerias, mas eu não vou
abdicar do espaço político que
conquistei em Brasília, no Congresso Nacional. Pretendo ter
uma presença nas discussões centrais que o país vai viver".
Mas o lado administrativo não
será nada fácil. Minas enfrenta
uma crise financeira e deve finalizar o balanço deste ano com um
déficit da ordem de R$ 2 bilhões.
O Estado tem uma dívida com a
União de R$ 28 bilhões e outra
com os fornecedores que ultrapassa R$ 5 bilhões.
Esta eleição em Minas pode ter
enterrado politicamente a principal liderança do PMDB no Estado, Newton, de quem se esperava
uma polarização com o tucano.
Dirigentes do partido ligados a ele
acreditam que sua liderança será
questionada até mesmo dentro
do partido.
Newton perdeu espaço para o
PT de Nilmário Miranda, que,
apesar da distância numérica que
o separa de Aécio, se credencia
para o que assessores dizem ser
um de seus principais objetivos:
disputar, em 2004, a vaga de candidato à Prefeitura de Belo Horizonte com o atual prefeito, Fernando Pimentel (PT).
Nilmário começou a campanha
de forma tímida. Na medida em
que foi crescendo e ultrapassou
Newton, foi se soltando e tentando polarizar com Aécio. Bateu no
tucano por ele "tentar esconder"
o presidenciável José Serra da sua
campanha, de forma a não comprometer seu projeto de unidade.
"O Aécio não teve coragem de
enfrentar a disputa. Não debateu
e tentou todo o tempo esconder o
Serra. A eleição não acabou. O povo saberá escolher e me levará para o segundo turno, é só o que eu
quero", disse o petista.
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