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GUERRA NA AMAZÔNIA
Firma japonesa patenteou a fruta brasileira e enfrenta contestação de ONGs e do governo na Justiça
Se perder cupuaçu, empresa não recorre
DA REPORTAGEM LOCAL
A empresa japonesa Asahi
Foods se comprometeu com o governo do Estado do Pará a não recorrer de medidas judiciais contrárias ao registro da marca cupuaçu, fruta da região amazônica.
Na prática, a empresa admite
abrir mão dos direitos sobre a
marca cupuaçu, se perder a disputa nas agências oficiais de registros e patentes do Japão, Estados
Unidos e União Européia.
O secretário-executivo de Indústria, Comércio e Mineração do
Pará, Ramiro Bentes, afirmou que
a Procuradoria Geral do Estado
irá estudar as medidas cabíveis.
"A melhor forma é entrar com
uma ação pedindo o repatriamento da marca", afirma.
A disputa mais importante comercialmente no caso cupuaçu
envolve a produção de cupulate, o
chocolate obtido a partir de suas
sementes. A Ashai Foods entrou
com um pedido de patenteamento da produção industrial desse tipo de chocolate e de óleos extraídos da semente da fruta. O termo
de compromisso com o governo
do Pará não inclui esse caso.
Pelas leis de proteção à propriedade industrial, marca é um sinal
distintivo de um produto que pode ser registrado desde que não
haja outro anteriormente registrado num território.
A Asahi Foods registrou como
sua a marca cupuaçu e está sendo
contestada por se tratar de uma
prima. Contra o registro, organizações não-governamentais iniciaram em abril deste ano a campanha "O cupuaçu é nosso", e
conseguiram marcar, no Congresso Nacional, uma audiência
pública para discutir a questão.
Patente
Já a obtenção de direito de patente depende de três requisitos
básicos -novidade, inventividade e aplicação industrial. Obtido o
registro de marca ou patente o detentor adquire o direito de exclusividade sobre eles, podendo cobrar de quem quiser usá-los.
O diretor da Asahi Foods e da
Cupuacu International, Nagasawa Makoto, atribui a uma campanha de ONGs (organizações não-governamentais) as críticas que a
empresa tem recebido.
"Estão nos atacando para que
seja retirado nosso pedido de
marca registrada e ficaremos felizes se a agência de patentes mudar seu sistema e não garantir o
nome para ninguém no futuro.
Mas, sob o atual sistema, se nós
abrirmos mão da marca por nós
mesmos, então nosso registro será apagado completamente e então poderá novamente ser obtido
por outra empresa. Não podemos
correr esse risco", declarou.
Nagasawa exemplifica com o
caso da empresa Body Shop, que
costumava colocar o nome cupuaçu na classificação de cosméticos, mas deixou de fazê-lo por
causa da mesma campanha liderada por ONGs.
"O nome agora, para a mesma
classificação, está em outras
mãos. Essa é a verdade, goste você
dela ou não. Consequentemente,
o caminho desejado pelas ONGs
não é a solução certa."
O diretor da empresa japonesa
diz que sua empresa sofre retaliações na Amazônia.
"Por causa da informação falsa
criada pelas ONGs, fazendeiros
inocentes e pessoas que vivem na
Amazônia tornaram-se nervosas
e hostis a nós sem razão. Nós sentimos muito por isso. Lamentamos dizer que, por causa das várias campanhas negativas -que
incluem terrível difamação para
empresas que estão livremente
criando novos negócios em seu
país com boas intenções- perderemos o entusiasmo para explorar possibilidades futuras de mercado", afirma.
(PLÍNIO FRAGA)
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