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Jobim assume e diz que o problema na pasta é de comando
"Quem manda é o ministro", afirma o peemedebista, que anuncia ter "carta-branca" de Lula e promete demissões
Segundo ele, governo busca
uma maneira de mexer até
na direção da Anac, órgão
regulador do setor aéreo
fora do alcance do Planalto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao tomar posse ontem como
ministro da Defesa, o peemedebista Nelson Jobim disse que
assume o cargo com o objetivo
de resolver o "problema de comando" da pasta -em recado
claro aos envolvidos na crise
aérea: Força Aérea, Infraero
(empresa que administra os aeroportos do país) e Anac (Agência Nacional de Avião Civil),
que tem independência, mas é
ligada ao ministério).
Ontem ele sugeriu buscar
fórmulas para trocar o comando da agência do setor aéreo.
"Com a criação de diversos
órgãos, [temos] uma certa disparidade de ações. Ou seja, como disse o presidente [Lula],
nós estamos com um problema
de comando", disse Jobim, que
aceitou o convite de Lula para
ocupar o cargo anteontem à
noite, conforme a Folha antecipou na edição de ontem.
No final da tarde, após ter
passado o dia no Planalto em
seguidas reuniões para tomar
conhecimento da situação do
caos aéreo do país, Jobim concedeu entrevista na qual procurou demonstrar que a partir
de agora o governo terá um ministro com "carta-branca", que
exige comando e fará todas as
mudanças que achar necessárias. "Quem manda é o ministro", afirmou, com o objetivo
de afastar da pasta a imagem
deixada por seu antecessor, o
petista Waldir Pires.
"[O objetivo é fazer a] reestruturação justamente desse
problema da falta de estruturação e de inter-relação nessa situação emergencial e também
dentro do próprio Ministério
da Defesa. Ou seja, criar efetivamente e reformular a estrutura do Ministério da Defesa
para que seja um Ministério da
Defesa integrador de uma política de segurança", afirmou.
"Vou me dedicar à estruturação do ministério e ao enfrentamento da questão emergencial atual, que é a questão aérea. Se houver necessidade dessas ações, eu tenho carta-branca", completou. Disse que até o
final da semana deverá anunciar mudanças no comando da
Infraero. Não citou nomes,
mas tratou as demissões como
inevitáveis. "Se houver mudanças, e seguramente pelas circunstâncias deve haver, não serão partidarizadas."
Sobre a crise aérea, Jobim
não quis estipular datas. "Não
há como definir condutas antes
do diagnóstico." Segundo ele, é
preciso "estabelecer fórmulas
para voltarmos ao sistema que
tínhamos antes do acidente da
Gol", em 2006. "Não posso estabelecer uma cronologia para
resolver a crise aérea."
Amanhã o novo ministro da
Defesa estará em São Paulo,
para encontros com o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e
visitas ao aeroporto de Congonhas, palco da tragédia com
Airbus da TAM, na semana
passada, e à sede do IML (Instituto Médico Legal) onde está
sendo realizado o trabalho de
identificação das vítimas.
Anac
Na entrevista, Jobim deixou
clara a intenção do governo de
encontrar uma fórmula para
mexer no comando da Anac
-cargos aprovados pelo Congresso e, segundo a legislação,
fora do alcance de demissões
do presidente da República. O
atual presidente da agência,
Milton Zuanazzi, ligado ao setor do turismo, tem recebido
críticas por se tratar de uma indicação política, e não técnica.
"Nós temos um problema legal em relação à Anac que diz
respeito a mandatos", disse Jobim, citando a seguir a função
da agência de mediar interesses
dos usuários com as empresas.
"Esse modelo legal tem que
ser respeitado. Mas nós temos
que trabalhar em cima dos resultados e nós exatamente vamos examinar essa questão",
afirmou, sem dar pistas sobre
quais caminhos o governo pretende seguir para mudar o comando da Anac. "Não serão
anunciados nada, serão feitos."
"Temos que lembrar que todas essas estruturas [das agências reguladoras] foram feitas
para dar resultados", declarou.
Sobre sua distância da área
militar ou mesmo da aviação,
foco dos atuais problemas da
pasta, Jobim minimizou o fato
com um elogio à gestão do governador paulista José Serra no
Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique.
"Nós tivemos um ministro da
Saúde que não tinha nada de
saúde. Foi um grande ministro", disse Jobim. "Uma coisa é
fazer a execução, outra é o comando", afirmou.
(EDUARDO SCOLESE e PEDRO DIAS LEITE)
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