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PERFIL
Ministro foi indicado ao STF pelo governo FHC
DA REDAÇÃO
Cotado desde março para ser
ministro da Defesa, Nelson Jobim, 61, que assumiu o cargo
ontem, teve sua passagem pelo
Supremo Tribunal Federal
(STF) marcada por uma atuação polêmica e, para alguns, excessivamente politizada.
Jobim presidiu o órgão de
2004 a 2006. Antes, indicado
ministro pelo então presidente
Fernando Henrique Cardoso,
em 1997, ganhara o apelido de
"líder do governo no STF", devido a pedidos de vista em processos cujo prolongamento interessava ao tucano.
A atuação considerada política permaneceu no governo Lula. Na presidência do STF, teve
uma agenda bastante dedicada
a audiências com parlamentares, governadores e prefeitos.
No auge do escândalo do
mensalão, em 2005, concedeu
liminar que impediu a abertura
de processo contra seis petistas
no Conselho de Ética da Câmara. Em janeiro do ano seguinte,
suspendeu, também por meio
de liminar, a quebra dos sigilos
do presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto, amigo de Lula. Envolvido no pagamento de uma
dívida do presidente com o PT,
Okamotto teve o pedido de
quebra dos seus sigilos feito pela CPI dos Bingos.
A liminar provocou forte reação no meio político, principalmente por ele ter sido citado, à
época, como um possível vice
na chapa de reeleição de Lula.
Foi, inclusive, pensando na
eleição do ano passado que Jobim deixou o cargo no Supremo. Em março penúltimo, se
despediu da Corte e se filiou ao
PMDB, partido pelo qual havia
sido eleito deputado em 1986.
Jobim x Temer
Sem disputar nenhum cargo
em 2006, começou no início
deste ano a articular sua candidatura à presidência do PMDB.
Dizendo ter o apoio do Planalto e da maioria dos governadores e senadores da sigla -incluindo José Sarney e Renan
Calheiros, lulistas desde o primeiro mandato-, acabou
abandonando a disputa com
Michel Temer, à frente do partido desde 2001.
O principal motivo da desistência foi a sinalização pelo Planalto de desembarque de sua
candidatura. Na véspera da decisão de Jobim, Lula tinha se
reunido com Geddel Vieira Lima, aliado de Temer e, à época,
cotado para ser ministro da Integração Nacional, o que acabou sendo confirmado.
"Os acontecimentos das últimas horas enunciam opção objetiva do governo quanto à disputa no PMDB. Diante disso
resta-me afastar-me em definitivo da contenda", dizia a nota
de Jobim, ligando o fim da disputa ao fortalecimento no Planalto de um aliado de Temer.
Jobim, que é gaúcho, foi deputado constituinte. No primeiro mandato de FHC, foi ministro da Justiça, até 1997.
Antes de presidir o STF, esteve à frente do TSE, entre 2001 e
2003, quando teve sua imparcialidade questionada, por ser
amigo de José Serra, candidato
à Presidência pelo PSDB.
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