São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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PERFIL

Ministro foi indicado ao STF pelo governo FHC

DA REDAÇÃO

Cotado desde março para ser ministro da Defesa, Nelson Jobim, 61, que assumiu o cargo ontem, teve sua passagem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) marcada por uma atuação polêmica e, para alguns, excessivamente politizada.
Jobim presidiu o órgão de 2004 a 2006. Antes, indicado ministro pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1997, ganhara o apelido de "líder do governo no STF", devido a pedidos de vista em processos cujo prolongamento interessava ao tucano.
A atuação considerada política permaneceu no governo Lula. Na presidência do STF, teve uma agenda bastante dedicada a audiências com parlamentares, governadores e prefeitos.
No auge do escândalo do mensalão, em 2005, concedeu liminar que impediu a abertura de processo contra seis petistas no Conselho de Ética da Câmara. Em janeiro do ano seguinte, suspendeu, também por meio de liminar, a quebra dos sigilos do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo de Lula. Envolvido no pagamento de uma dívida do presidente com o PT, Okamotto teve o pedido de quebra dos seus sigilos feito pela CPI dos Bingos.
A liminar provocou forte reação no meio político, principalmente por ele ter sido citado, à época, como um possível vice na chapa de reeleição de Lula.
Foi, inclusive, pensando na eleição do ano passado que Jobim deixou o cargo no Supremo. Em março penúltimo, se despediu da Corte e se filiou ao PMDB, partido pelo qual havia sido eleito deputado em 1986.

Jobim x Temer
Sem disputar nenhum cargo em 2006, começou no início deste ano a articular sua candidatura à presidência do PMDB.
Dizendo ter o apoio do Planalto e da maioria dos governadores e senadores da sigla -incluindo José Sarney e Renan Calheiros, lulistas desde o primeiro mandato-, acabou abandonando a disputa com Michel Temer, à frente do partido desde 2001.
O principal motivo da desistência foi a sinalização pelo Planalto de desembarque de sua candidatura. Na véspera da decisão de Jobim, Lula tinha se reunido com Geddel Vieira Lima, aliado de Temer e, à época, cotado para ser ministro da Integração Nacional, o que acabou sendo confirmado.
"Os acontecimentos das últimas horas enunciam opção objetiva do governo quanto à disputa no PMDB. Diante disso resta-me afastar-me em definitivo da contenda", dizia a nota de Jobim, ligando o fim da disputa ao fortalecimento no Planalto de um aliado de Temer.
Jobim, que é gaúcho, foi deputado constituinte. No primeiro mandato de FHC, foi ministro da Justiça, até 1997.
Antes de presidir o STF, esteve à frente do TSE, entre 2001 e 2003, quando teve sua imparcialidade questionada, por ser amigo de José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB.


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