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SOMBRA NO PLANALTO
Governador de MS liberou bingo e caça-níqueis no Estado com assessoria de pivô de escândalo no governo, diz Antero Paes de Barros
Senador tucano liga Waldomiro a Zeca do PT
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANÁPOLIS (GO)
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse anteontem
à noite que o governador de Mato
Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT,
autorizou o funcionamento de
bingos e caça-níqueis no Estado
com assessoria de Waldomiro Diniz, ex-assessor para Assuntos
Parlamentares da Presidência.
Zeca baixou dois decretos sobre
jogos: o primeiro em agosto de
2001 autorizou as videoloterias
(caça-níqueis), o outro em março
do ano passado permitiu o funcionamento de bingos.
Waldomiro aparece em vídeo
gravado em 2002 no Rio de Janeiro negociando propina para campanhas eleitorais com o empresário Carlos Augusto de Almeida
Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
em troca de favorecimento em licitação de loterias. Na última
quinta-feira, seis dias após a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da medida provisória que proibiu bingos e caça-níqueis no país, o governador revogou os decretos.
Antero disse ainda que Zeca
"mais do que ninguém tem motivo para defender Waldomiro, que
pode não ter tido cargo oficialmente [no escritório do governo
de Mato Grosso do Sul em Brasília], mas era o condutor oficiosamente dos negócios dele [do governador] em Brasília".
O tucano se refere à declaração
feita por Zeca na segunda-feira de
que o PSDB "não tem moral para
fazer críticas" ao governo Lula no
caso Waldomiro, pois "quem financiou" a campanha de Antero
está preso no Uruguai.
Era uma referência de Zeca ao
ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, preso desde abril em
Montevidéu por uso de documento falso. Arcanjo foi condenado no Brasil em dezembro a 37
anos de prisão por lavagem de dinheiro, formação de organização
criminosa e crime contra o sistema financeiro.
"Contra mim o que existe é uma
declaração do ex-contador de Arcanjo dizendo que deu dinheiro
para um empresário amigo meu e
que esse dinheiro foi para minha
campanha. Tem o empresário
desmentindo", afirmou Antero.
Luiz Alberto Dondo Gonçalves,
preso em Cuiabá (MT), é o ex-contador. Ele disse que R$ 5,7 milhões foram repassados em 2002
pela principal empresa de Arcanjo ao empresário João Dorileo
Leal. O dinheiro, segundo Dondo,
financiou a campanha de Antero,
na época candidato a governador
de Mato Grosso.
Dorileo disse à Agência Folha
que emprestou R$ 2 milhões de
Arcanjo para capital de giro. "A
operação foi contabilizada em nome da empresa", afirmou.
"O PT, na CPI do Banestado
[Banco do Estado do Paraná], tem
todos os cheques da vida do Arcanjo. Um por um. Tem todas as
ligações telefônicas dele. É só investigar", afirmou Antero.
"Eu faço um desafio ao Zeca do
PT. Ele escolhe o procurador da
República e dou autorização para
vasculhar meus sigilos bancário,
telefônico e fiscal. Eu duvido que
o governador aceite abrir o sigilo
dele", disse o senador, que nega
ter conhecido Arcanjo.
Além de Zeca, o senador criticou o PT. "Eu espero que o PT
não tente transformar importantes instituições brasileiras, como a
Polícia Federal, numa polícia política, em uma Gestapo [polícia do
nazismo alemão] tupiniquim,
porque os tempos não permitem
isso em um Estado democrático
de direito", disse. O senador afirma que está sendo seguido. Ele
disse que ainda não desistiu de
uma CPI para o caso Waldomiro.
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