São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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EUA têm interesse em acordo com brasileira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para a norte-americana Lockheed Martin, a Embraer acabará prejudicada por ter definido desde o início da F-X sua parceria com os franceses da Dassault. Richard Singer, diretor para Américas da Lockheed, afirma, porém, que os americanos têm, sim, interesse em se associar com a Embraer -as duas empresas são parceiras na oferta de um avião-radar brasileiro aos EUA. (IG)

Folha - Qual a expectativa da Lockheed Martin neste estágio final da concorrência?
Richard Singer -
A inclusão do comitê interministerial no processo de seleção vai introduzir outros critérios de seleção diferentes daqueles definidos pela FAB. Qualquer análise vai mostrar que nossa oferta vai dar à FAB o melhor e mais bem-sucedido caça do mundo e ainda proverá o Brasil com um meio de fortalecer sua relação comercial, tecnológica e política com os EUA.

Folha - O senhor pode falar sobre a proposta de offset comercial oferecida à FAB?
Singer -
Nos últimos 30 anos, nós completamos de forma bem-sucedida US$ 30 bilhões em programas de offset em todo o planeta e nunca deixamos de cumprir alguma obrigação de cooperação industrial.

Folha - O governo diz que a indústria aerospacial brasileira vai participar da integração do novo caça de um jeito, ou de outro. Como o senhor lê isso?
Singer -
Sempre que uma nação faz uma aquisição importante de um novo avião, como no caso do F-X, a indústria nacional vai -e deve- participar. Dependendo do tamanho e do tipo do programa, essa participação pode ir de suporte logístico até a produção total. No caso do F-16, é importante notar que mais de 4.000 unidades do avião já foram feitas, e que 900 dessas foram produzidas fora dos EUA.

Folha - Se o F-16 ganhar, vocês trabalhariam com a Embraer?
Singer -
O fato de a Embraer, a principal indústria aerospacial brasileira, ter decidido participar da F-X como concorrente certamente foi um motivo de preocupação para nós, principalmente porque evitou que nós ou outros competidores tivéssemos discussões construtivas com ela.
Nós não acreditamos que essa posição acabe, no fim das contas, sendo benéfica para a Embraer, já que ela limita suas opções de cooperação com outras empresas. Se o F-16 for selecionado, nós estamos abertos para discussões sérias com todas as empresas brasileiras, inclusive com a Embraer. O fato é que a Embraer e a Lockheed já estão trabalhando juntas em outras áreas. Esperamos que esse relacionamento possa incluir um escopo maior de programas.

Folha - Como está a questão da autorização de venda de mísseis americanos?
Singer -
O governo autorizou a venda de mísseis para combate além do alcance visual em maio de 2002. Apesar de eu não poder falar pelo governo dos EUA, não vemos nenhuma alteração nesse quadro.


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