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PROBLEMAS DA CIDADE/JUNDIAÍ
Recursos privados, captados pela fundação Casa da Cultura, dobram orçamento
Servidor "come" 80% de verba da Cultura
CRISTINA CAROLA
DA REDAÇÃO
O investimento da administração municipal de Jundiaí em cultura, neste ano, não foi maior que
0,8% do Orçamento global ou
aproximadamente R$ 2,6 milhões, o mesmo percentual do ano
anterior. Essa percentagem vem
mantendo-se constante desde a
administração André Benassi
(93-96). Mas aproximadamente
80% dessa verba- cerca de R$
2,08 milhões- é gasta com a folha de pagamento da secretaria.
Em Campinas, por exemplo, o
orçamento da área para este ano é
de aproximadamente R$ 14 milhões ou 2,1% do Orçamento geral. Em São Paulo, 1,3% do Orçamento vai para a cultura.
Até o secretário da Cultura, Roberto Trentini, admite que o repasse é pequeno, mas diz que está
na média das cidades brasileiras.
Com cerca de R$ 600 mil por
ano para fazer a manutenção dos
instrumentos culturais da cidade,
organizar eventos e desenvolver
projetos na área, a solução foi captar recursos da iniciativa privada,
por meio da fundação Casa da
Cultura de Jundiaí.
O estatuto do órgão abre quatro
caminhos para a captação de recursos: patrocínio, doação, comercialização de produtos e exploração de imóveis.
Este ano, o orçamento da fundação é de R$ 937 mil, o mesmo
valor do ano passado. Em 98, o
órgão chegou a captar cerca de R$
1,1 milhão. Em 97, a fundação passou a administrar as festas da Uva
e do Morango, ficando com a bilheteria dos eventos. O orçamento
da fundação naquele ano foi de
R$ 500 mil.
O órgão, que tem caráter público e é gerenciado paralelamente
com a Secretaria da Cultura, também recebe subvenção da prefeitura- cerca de R$ 100 mil por
ano.
Viabilização
Segundo o secretário, esses recursos captados pela fundação
viabilizaram as reformas e o programa de manutenção dos equipamentos culturais da cidade-
Teatro Polytheama, Museu Histórico e Cultural, Centro das Artes e
sala Glória Rocha.
Até 98, a Biblioteca Municipal
também pertencia ao quadro de
bens da secretaria, mas, depois da
reforma, que custou R$ 110 mil,
foi transferida para a Secretaria da
Educação.
"A fundação foi criada em 1987
com o objetivo principal de arrecadar recursos para a recuperação
do Teatro Polytheama", disse o
secretário.
O teatro foi reaberto no último
ano da administração André Benassi (PSDB), em 96, mesmo ano
em que foi eleito o atual prefeito
Miguel Haddad, do mesmo partido.
A atual administração foi a responsável pela organização da primeira temporada do Polytheama.
Em 98, reformou a Biblioteca Municipal e, em 99, o Museu Histórico e Cultural.
Este ano, a secretaria está reformando a sala Glória Rocha, no
Centro das Artes, e vai investir
cerca de R$ 120 mil.
Na recuperação do Polytheama
foram investidos aproximadamente R$ 3,5 milhões. "Desse
montante, R$ 1,7 milhão nós conseguimos por meio da lei Rouanet", afirmou o secretário.
A lei Rouanet dá desconto em
Imposto de Renda para pessoas
físicas ou jurídicas que invistam
em cultura.
A fundação não tem funcionários. Segundo Trentini, essa foi
uma estratégia para que os gastos
com encargos trabalhistas não absorvessem mais recursos.
Atividades
As atividades organizadas pela
secretaria ainda se concentram no
centro; o Polytheama, o museu, o
Centro das Artes e a própria Casa
da Cultura ficam no centro.
Mas, segundo o secretário, já
existe um trabalho de descentralização física em andamento- a
construção de Ceris (Centro Educacional Regional Integrado).
No total, pelo plano da secretaria, serão construídos cinco Ceris,
um em cada região da cidade. Até
agora, apenas um deles foi concluído, no bairro do Retiro, e outro está em construção, no jardim
São Camilo.
Produção local
Para o produtor teatral e diretor
cultural do Clube Jundiaiense, Jô
Martin, que começou a carreira
em Jundiaí, onde estudou de balé
clássico a canto, a cidade progrediu em cultura.
"Quando cheguei a Jundiaí, o
Teatro Polytheama estava abandonado e a sala Glória Rocha tinha incendiado. Não tínhamos
onde nos apresentar."
Jô foi o primeiro diretor da nova
fase do Teatro Polytheama. "Na
época em que eu estava na direção, o objetivo era "intoxicar" o
público de espetáculos."
Para o produtor, a cultura, depois da revitalização do Polytheama, "cresceu bastante". Mas ele
sente falta da unificação do setor
cultural.
Jô é o mentor dos dois eventos
de dança mais importantes da cidade- o Enredança, que tem 14
anos, e o Mirimdança, que vai para a quinta edição.
Dança
Para a diretora da Sociedade de
Música Pio 10, Maria Laura Bruno
Benveniste, que trabalha com
dança há 22 anos, o investimento
que a prefeitura vem fazendo na
área é bom. "Com o Teatro Polytheama ainda vai melhorar."
Os eventos de maior importância promovidos pela Secretaria da
Cultura nessa área, segundo Maria Laura, são o Enredança e o Mirimdança.
A Emoção Cia. de Dança, dirigida por Maria Laura, participou de
dez edições do Festival de Dança
de Joinville (SC), o mais importante do país, e há seis anos traz
prêmios para a cidade.
Na etapa do Mapa Cultural Paulista realizada em Jundiaí, o grupo
ficou entre os cinco melhores colocados.
Literatura
O presidente do Gabinete de
Leitura Rui Barbosa, Ailton Alves
Viana, acha que a prefeitura deveria pensar o centro como um pólo
de cultura. "Já tentamos desenvolver atividades à noite, mas a
fluência de público é pequena".
Viana destaca também outro
ponto "importante": o remanejamento dos terminais de ônibus
intermunicipais da praça Rui Barbosa. "A praça Rui Barbosa era
um lugar muito bonito. Os terminais dificultam o acesso da população ao gabinete de leitura e até a
visualização do local", destacou
Viana.
Este ano, a entidade, que é a
mais antiga em funcionamento
na cidade, recebeu pela segunda
vez, desde a sua fundação, apoio
financeiro da prefeitura- R$
2.000. A primeira foi em 1987, na
administração André Benassi.
A receita mensal de associados,
segundo Viana, varia de R$ 12 mil
a R$ 14 mil.
O Gabinete de Leitura Rui Barbosa é uma entidade civil fundada
em 1908 por funcionários da
Companhia Paulista.
Artes Plásticas
Josias Filho, secretário geral da
Associação dos Artistas Plásticos
de Jundiaí, disse que a prefeitura
concede uma subvenção anual à
entidade. Além dessa verba, a secretaria cede o espaço físico, na
Casa da Cultura, para o funcionamento da associação.
"O poder público deveria incentivar a idéia das saraus. Jundiaí
tem muitos artistas, existe muita
gente produzindo."
Para ele, o poder público, que é
quem administra os logradouros
públicos, deveria levar a produção artística às ruas, às praças.
Subvenção
Entidades assistenciais, esportivas e culturais do município recebem subvenção anual da prefeitura. Este ano, 11 entidades culturais
ganharam a verba, totalizando R$
25,5 mil.
Em média, cada uma recebeu
R$ 2.000. A Sociedade Musical
São João Batista ficou com a
maior fatia- R$ 5.000.
A subvenção destinada às entidades assistenciais e esportivas,
este ano, foi de R$ 213,9 mil e R$
10,5 mil, respectivamente.
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