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Trabalhar na penumbra estimula a criatividade

Pesquisadora alemã diz que escritórios deveriam ser menos iluminados

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

Em alguns ambientes, as ideias criativas surgem sem muito esforço e em outros elas nunca aparecem, por mais que se tente.

Foi pensando nisso que a psicóloga alemã Anna Steidle, da Universidade de Stuttgart, resolveu estudar como a iluminação pode ajudar ou atrapalhar as pessoas a pensar de modo criativo. De acordo com ela, a luz influencia muito a maneira como percebemos um cômodo.

Steidle fez um estudo e chegou à conclusão de que pouca luz instiga o cérebro.

O experimento consistiu em colocar 140 participantes em três salas com intensidades diferentes de luz (medidas pela unidade lux). Uma tinha 150 lux (o suficiente para ler), outra com 500, que é o padrão dos escritórios, e uma terceira com 1.500.

Ela pediu que as pessoas desenhassem um alienígena de uma maneira inovadora. E, quanto menos iluminado o local, mais criativos eram os seres extraterrestres.

O arquiteto Maurício Queiróz tem uma explicação para o fenômeno: "O que bloqueia a criatividade é o excesso de sentidos". Ou seja, para ter boas ideias, é preciso estar em um ambiente que sugere introspecção e esses lugares precisam de pouca luz.

No entanto, Queiróz afirma que geralmente as empresas pedem que seus escritórios tenham iluminação homogênea.

Steidle sugere às organizações cômodos nos quais os funcionários possam adaptar a luz com luminárias independentes ou mesmo um "dimmer", dispositivo que controla a claridade.

"As empresas precisam saber que escritórios mais iluminados são bons para trabalhos que envolvem lógica e completar tarefas. Já os que têm pouca luz servem para despertar a criatividade."

NOVIDADE

Outro arquiteto, Carlos Rossi, diz que as organizações estão passando a se preocupar mais com o tema.

"Antes, fazia-se muitos projetos de luz para residências e só o básico para os escritórios. Mas as pessoas se deram conta que passam mais tempo na empresa do que em casa e que faz sentido pensar na iluminação no ambiente de trabalho."

Um dos trabalhos dele, o da sede administrativa da rede de fast-food Habib's em São Paulo, ganhou um prêmio de projetos de iluminação da Abilux (Associação Brasileira da Indústria da Iluminação) em 2009.

Uma das vantagens desse escritório, diz Fernando Brandini, 50, diretor de arquitetura da rede, é que a luz não reflete em nada.

"Quando trabalho de casa, o reflexo na mesa, na tela e nas outras superfícies me incomoda", ele afirma.

O próximo experimento da psicóloga alemã irá investigar quais as melhores cores de luz (branca, amarela ou azul) para impulsionar a criatividade.


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