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Exército põe terra de Cumbica em área ilegal

Material retirado de obra no aeroporto é jogado em cidades da Grande SP sem autorização da Cetesb e das prefeituras

Mil caminhões por dia, com 15 toneladas de terra cada um, saem de Guarulhos; remoção só acabará em dezembro

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

A terra retirada do aeroporto de Cumbica (Guarulhos) para a construção do novo terminal de passageiros -obra prioritária para a Copa de 2014- foi parar em aterros em situação irregular na Grande São Paulo.

O responsável pelo serviço é o Exército, que contratou duas empresas para fazer o transporte da terra e descarregá-las em local apropriado.

São cerca de mil caminhões por dia, com 15 toneladas de terra cada um. O trabalho começou em agosto e vai até 15 de dezembro.

Das seis áreas usadas para despejo da terra do aeroporto, três foram embargadas e uma esteve sob suspeita de infração ambiental.

Uma falha de planejamento da Infraero, responsável pelos aeroportos, deflagrou a confusão, disse o Exército.

Ao fazer o projeto, em 2010, a Infraero elencou duas áreas para receber a terra, mas uma não pode ser usada porque não abrigava terra úmida e a outra, por ter sido considerada cara pelas transportadoras, que pagam o aterro.

Restou ao Exército buscar áreas alternativas. No limite, um atraso poderia fazer o terceiro terminal de passageiros de Cumbica não ficar pronto a tempo para a Copa. A primeira fase da construção vai custar R$ 752,91 milhões.

O despejo depende de aval da Cetesb (agência ambiental paulista) e da prefeitura.

CONFUSÃO

O primeiro destino foi um local anexo ao aterro sanitário Pajoan, em Itaquaquecetuba, na Grande SP, que havia sido interditado pela Cetesb após um deslizamento de terra em abril.

Ao descobrir o despejo, a Cetesb multou o aterro em R$ 218,1 mil. A agência constatou também que o movimento dos caminhões afundava as ruas e deixava nuvens de poeira em área habitada.

O Exército passou, então, a despejar terra em um terreno em frente. Em setembro, a Prefeitura de Itaquaquecetuba mandou parar o serviço.

Três dias depois, inspeção no local flagrou corte de mata nativa e obstrução de um córrego com terra. Resultado: multa de R$ 17,4 mil ao Pajoan e novo embargo.

A terra passou a ser levada para Suzano. Só que caminhões afundaram ruas e as encheram de poeira. O caso foi parar na Promotoria.

Nas últimas semanas, a terra foi levada para Ferraz de Vasconcelos. Outro terreno foi usado em Itaquaquecetuba, onde, a exemplo de outras áreas, deixou problemas.

"Tem buraco, poeira, a casa fica suja", diz José Eduardo Guimarães, 18, que recebe R$ 50 diários para orientar os caminhões a andar devagar.

Outras áreas em Ferraz e Itaquaquecetuba, além de Mogi das Cruzes, estão aptas a receber a terra, segundo o Exército. O dano à vizinhança, diz a instituição, será reparado ao final da obra.

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