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RIO
Sem confirmação da identidade do corpo, famílias de desaparecidos têm de aguardar mais de cinco anos até oficializar morte
Exame de DNA agiliza atestado de óbito
DA SUCURSAL DO RIO
A caixa Alexandra de Souza Calheiro, 28, aguarda o resultado do
teste de DNA para saber se o corpo que enterrou é mesmo de seu
marido, Marco Antônio Meirelles
de Lima. Em novembro de 2001,
Lima foi retirado de casa por três
homens que anunciaram um assalto. Um deles seria Maurício de
Lima Matias, o Boizinho, um dos
acusados pela morte do jornalista
Tim Lopes.
Um corpo sem cabeça foi encontrado meses depois. A Delegacia de Homicídios conseguiu recursos para pagar o DNA. Alexandra não esperou o resultado
-previsto para o próximo
mês- para enterrar o corpo que
supostamente seria do marido.
Ela precisa do DNA para regularizar sua situação legal: obter o
atestado de óbito do marido, pedir pensão ao INSS e vender a casa
em que morava.
"Nem quero mais que a polícia
esclareça o que houve, prefiro
guardar uma lembrança boa do
meu marido. Só quero resolver a
minha vida e a dos meus dois filhos", afirma.
Quando alguém desaparece, a
família tem de juntar as evidências do fato -como registro da
ocorrência, resultados das buscas
em necrotérios e relatos testemunhais, caso existam- para poder
solicitar à Justiça a chamada "declaração de ausência".
Essa declaração já garante direitos como recebimento de pensões, administração de bens e tutela de crianças. O tempo para obter o documento varia de acordo
com as evidências apresentadas.
Cinco anos após a declaração de
ausência é possível requerer judicialmente a morte presumida do
desaparecido e o atestado de óbito, sem determinação da causa do
óbito. Com a declaração de morte
presumida a família tem -pelo
menos juridicamente- uma definição sobre o acontecimento.
Laboratório
O chefe de Polícia Civil, Zaqueu
Teixeira, disse que já foi feita a licitação para criar um laboratório
de DNA vinculado ao Instituto
Médico Legal, a um custo de R$
2,3 milhões, mas não deu prazo
para que ele comece a funcionar.
Os exames de DNA para identificação dos restos mortais de Tim
Lopes foram pagos pela TV Globo, segundo Teixeira.
No Laboratório Sonda, da
UFRJ, um exame de DNA com
exumação de cadáver custa aproximadamente R$ 5.000.
O Tribunal de Justiça do Rio
tem convênio com os laboratórios
Sonda e LDD (Laboratório de
Diagnóstico de DNA), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, para realização de testes de
DNA gratuitos.
O convênio só cobre ações cíveis
-o que exclui investigações criminais. De 1997 até hoje, foram
autorizados 12.268 exames gratuitos de DNA -1.339 pessoas ainda
aguardam na fila. A grande maioria dos casos é de investigação de
paternidade.
(FE)
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