São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Protetor solar em pó não tem eficácia comprovada

Novo nas farmácias de manipulação de São Paulo e do Rio, produto não passou por pesquisas

Para dermatologistas, o extrato de Polypodium leucotomos tem a função de só prolongar a proteção do bloqueador solar comum

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece um pó mágico: basta misturar na água ou no suco um produto feito à base de Polypodium leucotomos, samambaia encontrada na América Central, para estar protegido do sol o dia todo. Pelo menos é isso o que prega a propaganda do tal pó, que já começa a ser vendido (só com receita médica) nas farmácias de manipulação de São Paulo e do Rio de Janeiro. O problema é que sua eficácia não está comprovada por pesquisas e ainda sabe-se muito pouco sobre os eventuais danos à saúde.
Na teoria, o produto é o sonho de quem não quer melecar o corpo a cada duas horas. O maior risco pode estar justamente aí, alertam os especialistas: ao usar o pó, o paciente pode deixar de lado as formas convencionais de proteção e, assim, aumentar a chance de desenvolver câncer de pele.
O Instituto Nacional do Câncer calcula que 121 mil novos casos da doença surgem por ano e só 30% dos brasileiros usam protetor, diz a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O produto não tem o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isto significa que a eficácia e a segurança deles não estão comprovados. "Os produtos prescritos pelos médicos para manipulação não precisam passar por registro na agência", diz Marta Macedo, gerente-geral substituta de cosméticos da Anvisa.
Ou seja, a partir do momento em que o médico a prescreve, ele torna-se o único responsável. A Anvisa só proíbe um produto de manipulação se surgirem relatos de efeitos à saúde.
Um outro protetor que usa o Polypodium, este na forma de cápsulas, tenta desde 2006 o registro na Anvisa, mas, como o registro de cosméticos não contempla a embalagem "cápsula", ele não pode ser aprovado.
Mesmo assim, já tem quem use as cápsulas e garanta que dão resultado. Há dois meses, a representante comercial Sílvia Regina Saffi, 42, usa o produto por indicação do dermatologista e diz que estar satisfeita.
Dermatologistas reconhecem que os estudos sobre o produto são iniciais e ressaltam que seu papel é o de prolongar a proteção. "Ainda não há estudos clínicos com o produto, só em laboratório", diz a professora da Unifesp Ediléia Bagatin, especialista em cosmiatria.
Defensor do produto, o professor de pós-graduação de cosmetologia, Maurício Pupo afirma que ocorre, sim, uma maior proteção por meio do produto, mas lembra que continua sendo imprescindível o uso do protetor comum uma vez ao dia.
O preço das cápsulas varia de R$ 100 a R$ 120 e, o pó, de R$ 60 a R$ 80. "Mas, nos dois casos, é preciso iniciar o uso de 30 a 40 dias antes da exposição." Rico em polifenóis, substância que neutraliza os radicais-livres produzidos em maior quantidade durante a exposição solar, são indicados principalmente para loiras, morenas de pele clara e quem tem caso de câncer de pele na família.


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