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Protetor solar em pó não tem eficácia comprovada
Novo nas farmácias de manipulação de São Paulo e do Rio, produto não passou por pesquisas
Para dermatologistas, o
extrato de Polypodium
leucotomos tem a função de
só prolongar a proteção do
bloqueador solar comum
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece um pó mágico: basta
misturar na água ou no suco
um produto feito à base de
Polypodium leucotomos, samambaia encontrada na América Central, para estar protegido do sol o dia todo. Pelo menos é isso o que prega a propaganda do tal pó, que já começa
a ser vendido (só com receita
médica) nas farmácias de manipulação de São Paulo e do Rio
de Janeiro. O problema é que
sua eficácia não está comprovada por pesquisas e ainda sabe-se muito pouco sobre os
eventuais danos à saúde.
Na teoria, o produto é o sonho de quem não quer melecar
o corpo a cada duas horas. O
maior risco pode estar justamente aí, alertam os especialistas: ao usar o pó, o paciente pode deixar de lado as formas
convencionais de proteção e,
assim, aumentar a chance de
desenvolver câncer de pele.
O Instituto Nacional do Câncer calcula que 121 mil novos
casos da doença surgem por
ano e só 30% dos brasileiros
usam protetor, diz a Sociedade
Brasileira de Dermatologia.
O produto não tem o aval da
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária). Isto significa que a eficácia e a segurança deles não estão comprovados. "Os produtos prescritos
pelos médicos para manipulação não precisam passar por
registro na agência", diz Marta
Macedo, gerente-geral substituta de cosméticos da Anvisa.
Ou seja, a partir do momento
em que o médico a prescreve,
ele torna-se o único responsável. A Anvisa só proíbe um produto de manipulação se surgirem relatos de efeitos à saúde.
Um outro protetor que usa o
Polypodium, este na forma de
cápsulas, tenta desde 2006 o
registro na Anvisa, mas, como o
registro de cosméticos não contempla a embalagem "cápsula",
ele não pode ser aprovado.
Mesmo assim, já tem quem
use as cápsulas e garanta que
dão resultado. Há dois meses, a
representante comercial Sílvia
Regina Saffi, 42, usa o produto
por indicação do dermatologista e diz que estar satisfeita.
Dermatologistas reconhecem que os estudos sobre o produto são iniciais e ressaltam
que seu papel é o de prolongar a
proteção. "Ainda não há estudos clínicos com o produto, só
em laboratório", diz a professora da Unifesp Ediléia Bagatin,
especialista em cosmiatria.
Defensor do produto, o professor de pós-graduação de cosmetologia, Maurício Pupo afirma que ocorre, sim, uma maior proteção por meio do produto,
mas lembra que continua sendo imprescindível o uso do protetor comum uma vez ao dia.
O preço das cápsulas varia de
R$ 100 a R$ 120 e, o pó, de R$
60 a R$ 80. "Mas, nos dois casos, é preciso iniciar o uso de 30
a 40 dias antes da exposição."
Rico em polifenóis, substância
que neutraliza os radicais-livres produzidos em maior
quantidade durante a exposição solar, são indicados principalmente para loiras, morenas
de pele clara e quem tem caso
de câncer de pele na família.
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