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DANUZA LEÃO
Cuidado: eles estão por aí
Existem mais loucos neste
mundo do que se pode supor.
Eles estão em toda parte, e o pior:
a maioria deles parece normal.
Quem nunca ouviu falar de um
vizinho ou conhecido que foi preso por ter praticado um ato de
violência? Aí, a gente diz: "Mas
que coisa, ele parecia tão tranquilo, como pode ter feito isso?". Pois
é, só que ele fez.
Existem casos de adolescentes
que matam os pais ou avós, de jovens assassinos considerados
bons rapazes, pois tinham um
comportamento normal no trabalho e com os amigos, e fico pensando: serão só eles os loucos, ou
loucos são também os que nunca
desconfiaram do que eles eram
capazes?
Tudo isso me veio à cabeça depois da tragédia da bela e talentosa atriz Marie Trintignant, de
41 anos, filha de Nadine e Jean-Louis Trintignant -e quem viu o
filme "Un Homme et une
Femme" nunca se esqueceu do
charme do ator.
Marie e o namorado, um
bem-sucedido cantor de uma
banda de rock, tiveram uma briga feia, depois de uma festa. Ele
bateu tanto no rosto da atriz, mas
tanto, que seu rosto ficou destruído. Depois de alguns dias em coma, ela morreu.
Segundo os amigos, existia entre os dois uma grande e verdadeira história de amor. Mas que
espécie de amor era esse? Será que
ela nunca desconfiou de que
esse homem podia ser perigoso? O
pior é que certas mulheres se
apaixonam por esse tipo de homem, vai entender.
Os loucos estão soltos na rua, e
seria preciso poder identificar
quem são eles. Só que não existem
indícios a partir dos quais se pode
saber em quem confiar, a quem se
pode confiar nossos filhos, com
quem se pode ter uma aventura
sem correr risco de vida.
A experiência ensina que as tragédias não acontecem apenas
com os outros, como se costuma
pensar. Você é capaz de botar sua
mão no fogo pelo seu namorado?
Tem certeza de que, se abandonado, ele não vai ser capaz de uma
agressão física?
Não é comum ouvir falar de um
homem que tenha sido agredido
por uma mulher; já o contrário, se
não chega a ser banal, raro também não é. E como somos todos,
até um certo ponto, responsáveis
por nossas vidas, devemos estar
sempre, em todos os momentos,
muito atentos em relação às pessoas com quem convivemos.
O tipo machão que te encantou
na discoteca, quando tomou satisfações de um homem que te
olhava muito, pode ser perigoso;
como também pode ser perigoso
aquele que não fala nem reclama
de nada, porque não consegue externar seus sentimentos; tanto
quanto aquele homem tão educado e tão gentil, mas que às vezes
tem um olhar estranho.
Cabe a cada um de nós -e sobretudo a nós, mulheres- estar
em permanente estado de alerta
(máxima) a qualquer sinal que
pareça fora do normal, do
natural. Mas é preciso ter muito
cuidado também com os que parecem normais, pois eles também
podem ser loucos.
Tanto quanto estudar português, matemática, geografia e história, os jovens deveriam ter também -e sobretudo- professores
que lhes ensinassem algumas noções básicas de psicologia; assim,
eles talvez conseguissem conhecer
um pouco melhor seus semelhantes, sem ter que aprender com a
dura experiência da vida.
Porque os loucos estão soltos pelo mundo e são muito mais numerosos do que se pode imaginar.
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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