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Em enquete feita pela Folha, entrevistados recomendam aumento do subsídio governamental para moradia
Especialistas defendem reforma urbana
DA REDAÇÃO
Reformar as cidades, ampliando o acesso dos mais pobres à
propriedade imobiliária, é tão
prioritário quanto reorganizar a
posse da terra no campo. A ação
do poder público, para atingir
aquele objetivo, deveria lançar
mão de mecanismos regulatórios,
como os que inibem a especulação com imóveis, e financeiros,
como os subsídios.
Para esses termos converge a
maioria das opiniões de dez pessoas envolvidas na discussão sobre habitação ouvidas pela Folha. Entre elas
estão arquitetos e urbanistas
-dois deles ocupando cargos governamentais diretamente ligados ao tema-, duas representantes de movimentos sociais e um
das empresas de construção.
Há, para a maioria, uma relação
direta entre as causas dos problemas sociais que levam grupos a
reivindicar moradia nas cidades e
terras nas áreas rurais. A reforma
agrária ajudaria a conter o fluxo
de pessoas que deixam o campo; a
reforma urbana, nessas condições, teria mais possibilidades de
enfrentar o déficit habitacional.
"O equilíbrio na cidade só é possível com o equilíbrio no campo",
diz o professor da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP
João Sette Whitaker Ferreira.
A desapropriação de imóveis
desocupados, de maneira semelhante ao que ocorre com a terra
considerada improdutiva na reforma agrária, divide opiniões. A
maior parte dos entrevistados
concorda que o Estado deve utilizar instrumentos legais para induzir à ocupação desses imóveis.
Para tanto, alguns dos entrevistados recomendam a utilização de
dispositivos legais que oneram a
especulação imobiliária e podem
facilitar o acesso dos mais pobres
a esses bens. Citam o Estatuto da
Cidade, conjunto de leis aprovado
pelo Congresso no ano passado.
O texto abriu a possibilidade, por
exemplo, de as prefeituras taxarem pesadamente proprietários
de imóveis que ficam vazios por
muito tempo.
Se o governo quiser garantir
moradia à faixa mais destituída
desse direito, os mais pobres, terá
de aumentar os subsídios destinados à habitação, de acordo com a
opinião majoritária.
A tática utilizada por grupos de
sem-teto de ocupar imóveis vazios para pressionar o poder público foi condenada por Lair Krähenbühl, da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção, e pelo
arquiteto Joaquim Guedes. As demais opiniões caminham no sentido de entender e/ou aceitar esse
modo de protestar num contexto
de ampla desigualdade social.
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