|
Próximo Texto | Índice
DATAFOLHA
Administração da petista recebe nota 4,7, inferior à de outras oito capitais; Angela Amin é a mais bem avaliada
Marta é a última em ranking de prefeitos
SÍLVIA CORRÊA
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), é a última colocada
em um ranking elaborado pelo
Datafolha a partir da nota média
atribuída por moradores a prefeitos de nove capitais brasileiras.
Angela Amin (PPB), de Florianópolis, ficou em primeiro lugar.
Cada entrevistado foi convidado a atribuir notas de zero a dez à
administração de sua cidade.
Após dois anos de governo, a
média de Marta foi 4,7 -para
16% dos entrevistados, a gestão da
petista merece nota zero, e para
6%, nota dez. Angela Amin, no segundo mandato, teve média 6,9.
Entre Angela e Marta aparecem
no ranking os prefeitos de Salvador, Belo Horizonte, Recife, Porto
Alegre, Curitiba, Fortaleza e Rio.
Dos nove avaliados -quatro
deles petistas-, a governante de
São Paulo e o prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB),
têm taxas de reprovação maiores
do que as de aprovação -no caso
de Marta, 39% de ruim/péssimo
contra 23% de ótimo/bom. No de
Magalhães, 35% e 30%.
Considerada a margem de erro
de três pontos para mais ou para
menos, o índice obtido agora é similar ao pior já registrado por
Marta -20% de aprovação e 42%
de reprovação em junho de 2001.
Há um ano e meio, o ápice de
insatisfação sucedera episódios
desgastantes, como problemas no
setor de transportes e a falta de
pessoal na saúde. Agora, segundo
cientistas políticos ouvidos pela
Folha, a situação se repete, reforçada, dizem eles, pelo fim do
"efeito Lula" e pela consolidação
da imagem da prefeita.
Em 18 de outubro, no auge da
campanha eleitoral, 36% dos paulistanos classificaram como ótima
ou boa a administração local -11
pontos a mais do que a taxa de
aprovação obtida por Marta na
pesquisa anterior, de fevereiro.
Foi até agora o seu melhor índice, mas ainda bem abaixo dos
56% dos eleitores que, antes de
sua posse, esperavam dela um
bom desempenho. Hoje, menos
de dois meses depois de seu pico,
a mesma taxa caiu 13 pontos.
Na mesma época em que a popularidade cresceu -entre fevereiro e outubro-, os beneficiários dos programas sociais pularam de 95 mil para 248 mil e o governo implantou um sistema de
transporte escolar, beneficiando
925 mil crianças.
Tudo isso foi amplamente divulgado pela prefeitura, que elevou a R$ 37,9 milhões o gasto com
publicidade -contra R$ 23,1 milhões em 2001- e ganhou destaque na campanha eleitoral do PT.
"A aparição do governo na TV
foi muito grande. Marta provavelmente foi a chefe de governo local
mais pautada pela campanha.
Mas, à medida que o efeito eleição
cessa, há uma acomodação para
um patamar de satisfação anterior", diz o cientista político Rui
Tavares Maluf. "Soma-se a isso a
crise no binômio transporte-trânsito, o único setor que, avalio,
atinge igualmente o conjunto da
população", continua ele.
Maluf se refere a um verdadeiro
"pacote de impopularidades" que
Marta enfrentou nos últimos dois
meses e que foi encabeçado pelo
setor de transportes. Primeiro foram as denúncias de irregularidades, que derrubaram o secretário
em novembro. Naquele momento, já se falava na possibilidade de
aumento da tarifa para controlar
a crise. O valor foi anunciado no
dia 19 deste mês, de R$ 1,40 para
R$ 1,70. Houve ainda as novidades tributárias, como as propostas de reajuste do IPTU em até
35% e da criação da taxa do lixo,
que surgiram no início deste mês.
"Um aumento, por mais justo e
necessário que seja, dificilmente é
digerido. Cabe ao governo revertê-lo em melhoria dos serviços."
Além do fim da exposição de
seu governo e dos episódios desgastantes, os cientistas políticos
associam ao perfil da prefeita a
nova queda de popularidade.
"Marta não tem cuidado com a
mídia, não pensa duas vezes para
falar. Não é uma postura de alguém preocupado com a imagem", diz Rubens Figueiredo, diretor do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação).
"Existe um distanciamento da
Marta em relação à população.
Todas as imagens da prefeita não
mostram sensibilidade", diz a
professora do Departamento de
Política da PUC-SP, Vera Chaia.
Próximo Texto: Satisfação cai em todas as camadas sociais Índice
|