São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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MARIA INÊS DOLCI

Abaixo a caixa-preta dos tributos


A partir da compreensão do quanto somos espoliados é que teremos condições de dizer não a essa sacanagem


VOCÊ ESTÁ se preparando para comprar o material escolar de seus filhos? Então, vamos conversar um pouco sobre a imbecil e cruel carga tributária brasileira. Dizem que a educação é prioridade nacional, não?
Mentira! Não é. Os professores são mal remunerados. Há poucas bibliotecas no Brasil. As escolas públicas carecem de infra-estrutura e de segurança, principalmente na periferia. Quanto às escolas particulares, aumentam seus preços à vontade, sempre acima da inflação.
E o material escolar? Bem sobre régua, cola, caneta, agenda escolar, apontador, borracha, fichário, pastas plásticas, entre outros artigos, recaem impostos superiores a 40%. Sim, quase a metade dos preços desses produtos se deve aos impostos, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Tratamos de material escolar, mas poderíamos falar de alimentos (40,5% no açúcar; 35,2% no espaguete; 37,18% na margarina). Ou de energia elétrica (45,8%). Estamos utilizando preços e tributos cobrados em São Paulo, mas duvido que haja algum Estado brasileiro livre dessa praga.
Podemos esquecer o "espetáculo" do crescimento, melhores salários, redução do desemprego e da concentração de renda com esse sanatório tributário.
Acredito, sinceramente, que só haja uma forma de sensibilizar os cidadãos a pressionar parlamentares, secretários, ministros, prefeitos, governadores e o presidente da República: discriminar, nos preços dos produtos, qual a carga tributária específica de cada um.
Afinal, pessoas que se consideram isentas de impostos, porque não têm salário suficiente para descontar Imposto de Renda, perceberão que pagam, e muito, para receber, em troca, zero serviço. Para pagar representantes políticos que só votam seus próprios reajustes salariais, com raríssimas exceções (aqueles que não apoiaram aquele reajuste salarial de 91% para os congressistas).
Temos que dizer "chega" para essa derrama de impostos e, para isso, abrir a caixa-preta da tributação de produtos e de serviços.
A partir da compreensão do quanto somos espoliados em tudo que consumimos é que teremos condições de dizer não a essa sacanagem (não há outro termo mais elegante para isso!).
Vamos reconquistar nossa cidadania a partir dessa mobilização. Aprenderemos a votar melhor. Perceberemos que votar de qualquer maneira, hoje, é o prenúncio de mais um incompetente que ajudará a aumentar a carga tributária e fiscal que já nos sufoca.
E talvez cheguemos à conclusão de que não se deva votar em quem, ontem ou hoje, criou ou aumentou impostos, taxas e contribuições. Esses aí merecem o ostracismo político eterno. Chega, basta, parem, não façam mais isso, já cansamos!

NA INTERNET - http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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