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Alckmin critica medida que obriga médico a atuar no SUS
Para governador de SP, problema da saúde é de financiamento
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou ontem a iniciativa do governo federal de exigir que novos médicos trabalhem dois anos na atenção básica da rede pública após cursar os seis anos de graduação.
Para Alckmin, que é médico por formação, o governo de Dilma Rousseff (PT) deveria priorizar o financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde). "Estamos passando longe dos problemas da saúde. O problema básico do SUS é financiamento. [...] Não basta só médico", afirmou.
A exigência de que novos médicos atuem no SUS por dois anos foi anunciada na segunda pela presidente. A mudança, via medida provisória --que pode ser alterada pelo Congresso-- passa a valer para estudantes que entrarem em medicina a partir de 2015.
Segundo a norma editada pela Presidência, os cursos de medicina terão dois ciclos.
O primeiro segue o modelo atual. No segundo, o profissional atuará com um registro provisório do Conselho Regional de Medicina em postos de saúde, prontos-socorros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da rede pública.
Apenas depois desses oito anos, o profissional terá o registro permanente de médico e poderá dar plantões a abrir consultório.
Entidades médicas também reagiram negativamente ao projeto do governo.
O Conselho Federal de Medicina, que chamou a mudança de arbitrária, disse que irá trabalhar no Congresso para alterar a medida provisória e que irá analisar melhor o texto proposto para questionar sua validade na Justiça.
Alckmin afirmou ainda que o governo federal levou "o caos" ao sistema ao reduzir sua participação no financiamento do SUS.
"No momento em que o país envelhece, a medicina fica mais sofisticada, você reduzir em 11% o financiamento da saúde, evidente que é o caos. Nós tínhamos, em 2001, 56% do financiamento da saúde pelo governo federal. Onze anos depois, 45%", afirmou Alckmin.
Ontem, em reunião com prefeitos, em Brasília, a presidente Dilma anunciou a ampliação de recursos para a área de atenção básica.
A presidente também lembrou que na segunda-feira já havia anunciado R$ 5,5 bilhões para investimentos de infraestrutura do SUS --como a construção de 6.000 postos de saúde e a reforma de outros 11.800.