Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Verde ou vertical

Pode estar próximo o desfecho de disputa por terreno em que dono pretende erguer prédios e que vizinhos querem transformar em parque

CÉSAR ROSATI DE SÃO PAULO

Na época em que a rua Augusta era revestida por um carpete colorido, nos idos dos anos 1970, o terreno no quarteirão entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá já era disputado quase a tapa.

Quarenta anos depois, a área continua cobiçada: por empreiteiros, que planejam erguer ali dois prédios --um comercial e um residencial--; e pela vizinhança, que quer torná-lo um parque e preservar um dos últimos trechos verdes do centro de São Paulo.

O desfecho pode estar próximo. No domingo, vence um decreto municipal que transformou o quarteirão em área de utilidade pública.

O terreno de 24.752 m² já teve de colégio de freiras a tenda de shows e passou por mãos de japoneses e banqueiros.

Os únicos que nunca o deixaram foram jacarandás, seringueiras e ipês nativos da Mata Atlântica que, a exemplo de um pórtico na entrada, são tombados pela prefeitura e não podem ser removidos.

Os vizinhos batem o pé contra a ideia de o terreno se tornar um conglomerado de escritórios e residências.

"É uma das últimas áreas permeáveis na região central. Não podemos deixar que o concreto mande por aqui", disse Célia Marcondes, da Sociedade Amigos do Bairro de Cerqueira César.

A entidade organiza hoje uma vigília para "iluminar a mente" daqueles que estão debruçados sobre o tema.

A história do terreno começou em 1907, quando ali foi construído o Des Oiseaux, colégio feminino tradicional que teve como alunas Marta Suplicy e Ruth Cardoso.

Em 1974, o prédio foi demolido para que a área fosse vendida. O primeiro interessado veio do outro lado do mundo.

O grupo japonês Tejin decidiu erguer ali o "maior hotel do Hemisfério Sul", com mais de 50 andares. Não deu certo.

Em meados dos anos 1980, empresários montaram ali um "circo". O espaço abrigou shows e outras intervenções artísticas, mas problemas com a prefeitura o fecharam.

Desde 1996, a área é do ex-banqueiro Armando Conde, que, com as incorporadoras Setin e Cyrela, planeja erguer os prédios. O empreendimento pode começar na próxima semana, com o fim do prazo do decreto.

Esta seria a tristeza de Sérgio Carrera, membro fundador do grupo Aliados do parque Augusta. "[A prefeitura poderia] Aumentar o IPTU dos moradores da região para custear o parque. Tudo precisa ser feito para salvar essa área."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página