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Rojão que feriu cinegrafista no Rio era de manifestante, afirma polícia

Testemunha diz que artefato usado em protesto foi acionado por homem com o rosto coberto

Momento da explosão foi gravado por agência russa; vítima continua em estado grave e pode perder parte da audição

LUCAS VETTORAZZO DIANA BRITO DO RIO

O artefato que atingiu o repórter-cinematográfico da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade, 49, era um tipo de fogo de artifício chamado "rojão de vara" e foi lançado por manifestante, de acordo com a Polícia Civil do Rio.

Andrade cobria um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no centro, que acabou em confronto entre policiais e manifestantes na noite de anteontem.

Inicialmente, havia dúvida sobre se o cinegrafista, que está internado em estado grave, foi atingido por uma bomba de efeito moral da PM ou uma bomba caseira. Mas um vídeo publicado pela agência russa de notícias RuptlyTV mostrou o artefato segundos depois de ser acionado.

Um tubo preto com ponta no formato de um pequeno cone é visto soltando faíscas em um canteiro. Ele "levanta voo" em uma trajetória errática e explode perto do rosto do profissional.

"Tenho a convicção de que o artefato não foi deflagrado por forças de segurança, mas por pessoas que participavam da manifestação", disse o delegado Maurício Luciano.

No vídeo da agência russa não é possível ver quem acionou o explosivo. Uma testemunha disse à TV Globo que se tratava de um jovem de rosto coberto e camisa cinza.

O homem, ainda não identificado, poderá ser indiciado sob suspeita de tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão.

Reportagem da rede britânica BBC mostra ainda que o mesmo tipo de explosivo foi usado pelo menos mais duas vezes durante o protesto de quinta-feira, uma delas no interior da Central do Brasil.

Ainda que não seja possível determinar se o artefato era de fato dos manifestantes, dispositivo semelhante já tinha sido utilizado no Rio por grupos radicalizados, como os da tática "black bloc".

Em um ataque à Câmara Municipal, em 15 de outubro, foram usados rojões, morteiros e coquetéis molotov contra o prédio.

O técnico em explosivos Elington Cacella, do Esquadrão Antibombas da Polícia Civil do Rio, responsável pela perícia no local onde Andrade foi atingido, afirmou que o rojão é vendido em qualquer loja de fogos.

Segundo ele, para que haja segurança em seu lançamento, não deve haver nada em um raio de 30 metros. Andrade estava a três metros do ponto onde ele foi aceso.

"Infelizmente, essa carga explodiu no momento em que atingiu o repórter", disse.

Andrade passou por uma cirurgia para conter uma hemorragia em seu cérebro. Ele corre o risco de perder parcialmente a audição.

Entidades ligadas à imprensa, como a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), publicaram notas de solidariedade ao cinegrafista e cobrando investigação.


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