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Medidas do governo elevam custo dos financiamentos
Mantega admite que crédito será prejudicado com aumento da CSLL e do IOF
Para especialistas, bancos
deverão repassar para o
consumidor pelo menos
parte das perdas com o
aumento de imposto
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento na alíquota do
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) e da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) deve elevar consideravelmente o custo das operações de
crédito, cuja expansão pelo
quarto ano seguido é um dos
principais fatores a impulsionar o crescimento econômico.
A elevação da CSLL atingirá
o lucro dos bancos que, segundo especialistas, deverão repassá-lo ao consumidor. Já o IOF
incidirá linearmente em 0,38
ponto percentual nas operações financeiras, incluindo investimentos em fundos, contratação de seguros, compra de
dólares, além do crédito que será duplamente prejudicado.
A alíquota que incide sobre
as parcelas dos financiamentos
passará de 1,5% ao ano para 3%.
Além disso, será cobrada uma
alíquota de 0,38% sobre o valor
total do empréstimo, que deverá ser paga no momento da liberação dos recursos.
Ou seja, fora dos 0,38% que
representava a CPMF ficarão
apenas as transações bancárias
que não tenham como destino
um serviço financeiro.
O próprio ministro Guido
Mantega (Fazenda) admitiu
ontem que a elevação na carga
de tributos dos bancos e das
operações financeiras pode levar a um aumento nos juros dos
empréstimos bancários. Mantega disse, no entanto, não
acreditar que essa seja a hipótese mais provável devido ao aumento da concorrência no setor. "Os bancos poderão aumentar o "spread" para recompor seus lucros, caso as condições de mercado permitam",
disse. "Spread" é a diferença
entre os juros captados e os repassados aos clientes; é usado
pelas instituições financeiras
para cobrir seus custos operacionais, além de servir também
para compor o lucro.
Mantega afirmou que o aumento do IOF não deve afetar a
procura por novos financiamentos. "Estamos criando um
pequeno adicional [no IOF].
Por mês, [o impacto] é praticamente insignificante. Não vai
afetar o crédito", disse.
Repasse ao consumidor
Para o consultor Pedro Raffy
Vartanian, da Trevisan, o aumento da alíquota do IOF pegará um universo menor de consumidores do que a CPMF. Ele afirma, no entanto, que a mudança deverá, pelo menos, reduzir um eventual ganho que o
consumidor teria com uma diminuição dos juros nos próximos meses.
"O custo do crédito já não é
baixo e agora pode ser elevado.
Os bancos deverão repassar ao
consumidor, pelo menos parcialmente, o aumento da CSLL.
O tributo recai sobre um setor
que tem condições de repassar
[custos]. Como é mais específico, vai atingir uma fatia menor
das operações financeiras. Tanto que com a [elevação da]
CSLL e o IOF, o governo só vai
arrecadar um quarto da
CPMF", disse.
Para o presidente do IBPT
(Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), Gilberto
Luiz do Amaral, as operações
financeiras como um todo serão prejudicadas. "Não é mais
verdade que o custo de operação finaneira vai ficar 0,38%
mais barata. O IOF atinge diretamente o consumidor. Havia
uma expectativa de diminuição
do custo do dinheiro, que não
se confirma mais", disse.
Para Amaral, as medidas
contrariam a afirmação do presidente Lula de que não teria
aumento de impostos. "O presidente demonstra que não tinha
feito uma análise mais profunda ou subtraiu a verdade da população. Não é verdade que o
governo perdeu arrecadação. A
arrecadação supreendeu em
2007. Em 2008, serão arrecadados R$ 50 bilhões a mais,
mesmo sem a CPMF", disse.
Mantega disse ainda que não
vê motivos para os bancos repassarem para os juros cobrados dos clientes o aumento da
CSLL, pois o tributo não interfere nos custos das operações
bancárias, e sim nos lucros das
instituições financeiras.
Procurada pela reportagem,
a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) não comentou o aumento da CSSL incidente sobre o lucro do setor.
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