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Favela impede vôos regulares em Porto Alegre
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O tamanho da pista do aeroporto Salgado Filho, em Porto
Alegre, tem levado os aviões de
carga a decolar no máximo com
70% de sua capacidade total.
A ampliação dos atuais 2.270
metros para 3.200 metros -extensão considerada ideal pela
Infraero para evitar perdas nos
vôos de carga- não pode ser
feita porque duas favelas na cabeceira da pista impedem a realização da obra.
Para resolver o problema, os
governos federal e municipal
precisariam remover 1.500 famílias das vilas Dique e Nazaré
e construir casas em outra região de Porto Alegre para abrigá-las. Há dez anos a prefeitura
vem negociando com os moradores da favela e, no ano passado, conseguiu uma área para
transferi-los.
Mas o dinheiro precisa ser liberado pelo Ministério das Cidades -o que, segundo o diretor do Departamento Municipal de Habitação de Porto Alegre, Nelcir Tessaro, ocorrerá
ainda neste mês.
"Vamos assinar o convênio
com o ministério nos próximos
dias e licitar a obra de transferência e de construção das casas em dois meses. Acredito
que até o fim do ano a área esteja liberada", disse. O governo
federal repassará R$ 41 milhões
para a transferência.
Só depois que o terreno estiver liberado é que a Infraero
poderá licitar a obra de ampliação da pista em 930 metros.
Enquanto a obra, estimada
em R$ 100 milhões, não é feita,
o Rio Grande do Sul e os empresários da região perdem dinheiro. Só em ICMS, o Estado deixa
de arrecadar R$ 10 milhões por
ano devido à redução da capacidade de frete em cada aeronave, de acordo com a Infraero.
Para os empresários, diz o superintendente-adjunto da Infraero, Marco Aurélio Franceschi, as perdas são incalculáveis
e só serão plenamente conhecidas depois que o aeroporto passar a operar com a capacidade
total dos aviões de carga.
"Daqui decolam para o exterior e outros Estados componentes eletrônicos, produtos
químicos e alimentos perecíveis, como frutas e peixes. Com
a pista ampliada, seria possível
triplicar a movimentação
atual", afirma Franceschi.
O terminal de carga tem capacidade de 10 mil toneladas
para importação e de 12 mil toneladas para exportação. Retirando a favela e agilizando a
obra de um novo terminal de
carga, a capacidade total passaria das 22 mil toneladas para 71
mil toneladas.
A pista curta não permite decolagens de aviões com carga
completa devido ao peso. Se os
aviões operassem acima da média de 70%, poderiam não levantar, trancando outros vôos
de carga e comerciais.
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