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Portos exigem profissionais, diz governo
Para o novo secretário do setor, Pedro Brito, tradição de nomeações políticas para comando portuário tem os dias contados
Brito entregará a Lula um diagnóstico da situação dos portos e novo modelo
de gestão, que prevê troca de comando das Docas
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A arraigada tradição de nomeações políticas para a direção dos portos brasileiros está
com os dias contados, a julgar
pelas declarações do secretário
de Portos, Pedro Brito, que tomou posse há menos de um
mês. Com status de ministro,
Brito afirma que até o fim deste
mês entregará ao presidente o
diagnóstico da situação dos
portos e um novo modelo de
gestão, que implicará a troca do
comando das sete companhias
Docas.
"O presidente quer profissionais, executivos da área portuária", afirmou Brito em entrevista à Folha na quinta-feira.
A nomeação política gerou
problemas crônicos nos portos,
decorrentes da gestão ineficiente. Entre eles, um passivo
em ações trabalhistas que chega a R$ 800 milhões no porto
de Santos e a R$ 400 milhões
no do Rio de Janeiro. Somados,
os valores equivalem a quase
metade dos R$ 2,7 bilhões previstos no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
para a infra-estrutura portuária nos próximos quatro anos.
A seguir, os principais trechos
da entrevista.
FOLHA - Qual é o diagnóstico da situação dos portos brasileiros?
PEDRO BRITO - O diagnóstico revela problemas que perpassam
a operação de todos os portos.
O mais grave é o dos acessos rodoviários e ferroviários, que
implica filas, atrasos nos embarques e desembarques e congestionamento de navios. Em
Santos, por exemplo, temos de
ter estacionamentos, com sistemas sofisticados de controle,
que permitam que os caminhões só sejam despachados
para o porto na hora em que o
navio estiver pronto para carregar ou descarregar.
FOLHA - Quanto tempo demora
para resolver a questão do acesso
rodoviário e dos estacionamentos?
BRITO - No caso de Santos, a
empresa que controla o acesso
da rodovia Anchieta já está
montando um grande parque
de estacionamento que permitirá que os caminhões fiquem
esperando, fazendo com que
desapareçam as filas.
FOLHA - Mas em quanto tempo isso estaria resolvido?
BRITO - Até o fim do ano poderemos ter uma solução em Santos, que é o caso mais grave. A
prioridade é Santos, que detém
30% do fluxo de comércio internacional, em termos de valor. Outra questão são os acessos ferroviários. Em Santos, isso é mais complexo pelo tamanho da cidade de São Paulo, que
fica muito próxima ao porto.
Não podemos permitir que
trens ou caminhões que venham para Santos passem por
dentro de São Paulo. Por si só,
isso já é um adicional de custo
incompatível com a concorrência internacional. Daí o conceito do Rodoanel e do Ferroanel.
FOLHA - Qual o prazo para a conclusão do Rodoanel e do Ferroanel?
BRITO - A expectativa é que até
2010 estejam prontas a parte
sul do Rodoanel e do Ferroanel,
que atendem o porto. Para que
o porto possa suportar as expansões previstas, mudanças
importantes têm de ser feitas
no canal. Em primeiro lugar, é
preciso aprofundá-lo -ele tem
um calado de 12 a 13 metros e
precisa de pelo menos 15 metros. Também é preciso alargar
o canal. Na largura atual, ele só
tem uma mão. Ou o navio entra
ou o navio sai, um de cada vez.
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