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Para secretário, "Docas terão de ser lucrativas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Leia a seguir a continuação
da entrevista com o secretário
de Portos, Pedro Brito.
FOLHA - O problema dos acessos e
da falta de dragagem nos portos
existem há muito tempo. Por que
não se fez nada antes?
BRITO - Não é que não se fez nada. Fez-se, mas pouco em comparação às necessidades da expansão do comércio internacional. Quando o presidente
decide criar uma secretaria,
com status de ministério, especializada na questão portuária,
ele está transmitindo uma segurança para os investidores.
FOLHA - A nomeação política da direção das companhias Docas é um
dos maiores problemas dos portos
brasileiros. Isso vai mudar?
BRITO - A determinação do presidente é que, depois do diagnóstico que estamos fazendo
em todas as companhias Docas,
tenhamos um plano de mudança do modelo de gestão. O presidente quer profissionais, executivos da área portuária.
Não podemos fazer nenhuma mudança dessa importância se não contarmos na direção dos portos com pessoas
competentes. As companhias já
têm pessoal técnico competente atuando no dia-a-dia. Precisamos estimular essas pessoas
para o trabalho, e não há melhor estímulo do que dar a essas
companhias cabeças do mercado, que entendam do negócio.
FOLHA - Quantos cargos de nomeação política existem nos portos?
BRITO - Todos os cargos de direção são de nomeação política.
A determinação do presidente
Lula é que isso acabe e que tenhamos nomeações técnicas.
FOLHA - Quando serão feitas essas
mudanças? Os usuários dizem que a
indefinição sobre o comando das
companhias está provocando paralisia na administração dos portos.
BRITO - Nós vamos concluir rapidamente um diagnóstico sobre as companhias Docas, que
são sete. Pretendemos concluir
o diagnóstico até o fim deste
mês de maio, início de junho...
FOLHA - O mês de maio acaba hoje
[quinta-feira, dia da entrevista].
BRITO - Deste mês de junho. Se
possível, antes do fim de junho
apresentaremos ao presidente
o diagnóstico completo, para
que ele possa tomar uma decisão em relação a esse novo modelo de gestão, que já está definido quanto a seu conceito.
FOLHA - Qual o valor do passivo
trabalhista das companhias Docas?
BRITO - Os dois maiores são
Santos e Rio de Janeiro. O de
Santos está na casa dos R$ 800
milhões e o do Rio de Janeiro,
por volta de metade disso. Esse
é um problema grave porque
estrangula a capacidade de investimento das companhias.
No novo modelo de gestão,
exigiremos que as companhias
sejam lucrativas, gerando caixa
para investimento próprio.
FOLHA - Os recursos que hoje entram no caixa das Companhias Docas acabam arrestados para o pagamento de débitos trabalhistas e não
são usados na dragagem. Como garantir que o dinheiro será destinado
à infra-estrutura do porto?
BRITO - Uma das providências
urgentes é resolver a questão
dos passivos. Já montamos um
grupo de trabalho com Casa Civil, Secretaria de Portos, Planejamento, Fazenda e Advocacia
Geral da União, para encontrar
uma solução, tirar esses passivos das companhias, para que
elas tenham capacidade de investimento e não tenham o seu
fluxo de caixa arrestado.
FOLHA - Ter portos modernos, que
funcionem e sejam competitivos
não será uma coisa para agora.
BRITO - Acho que os portos brasileiros já são competitivos e
modernos. O que precisamos é
acelerar o processo de contínua
modernização, porque o mundo avança cada vez mais. Não
temos tempo porque as nossas
cargas estão crescendo.
FOLHA - A melhoria viria em 2010?
BRITO - Estamos trabalhando
com essa data, de 2010.
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