São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Para secretário, "Docas terão de ser lucrativas"

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a seguir a continuação da entrevista com o secretário de Portos, Pedro Brito.  

FOLHA - O problema dos acessos e da falta de dragagem nos portos existem há muito tempo. Por que não se fez nada antes?
BRITO
- Não é que não se fez nada. Fez-se, mas pouco em comparação às necessidades da expansão do comércio internacional. Quando o presidente decide criar uma secretaria, com status de ministério, especializada na questão portuária, ele está transmitindo uma segurança para os investidores.

FOLHA - A nomeação política da direção das companhias Docas é um dos maiores problemas dos portos brasileiros. Isso vai mudar?
BRITO
- A determinação do presidente é que, depois do diagnóstico que estamos fazendo em todas as companhias Docas, tenhamos um plano de mudança do modelo de gestão. O presidente quer profissionais, executivos da área portuária. Não podemos fazer nenhuma mudança dessa importância se não contarmos na direção dos portos com pessoas competentes. As companhias já têm pessoal técnico competente atuando no dia-a-dia. Precisamos estimular essas pessoas para o trabalho, e não há melhor estímulo do que dar a essas companhias cabeças do mercado, que entendam do negócio.

FOLHA - Quantos cargos de nomeação política existem nos portos?
BRITO
- Todos os cargos de direção são de nomeação política. A determinação do presidente Lula é que isso acabe e que tenhamos nomeações técnicas.

FOLHA - Quando serão feitas essas mudanças? Os usuários dizem que a indefinição sobre o comando das companhias está provocando paralisia na administração dos portos.
BRITO
- Nós vamos concluir rapidamente um diagnóstico sobre as companhias Docas, que são sete. Pretendemos concluir o diagnóstico até o fim deste mês de maio, início de junho...

FOLHA - O mês de maio acaba hoje [quinta-feira, dia da entrevista].
BRITO
- Deste mês de junho. Se possível, antes do fim de junho apresentaremos ao presidente o diagnóstico completo, para que ele possa tomar uma decisão em relação a esse novo modelo de gestão, que já está definido quanto a seu conceito.

FOLHA - Qual o valor do passivo trabalhista das companhias Docas?
BRITO
- Os dois maiores são Santos e Rio de Janeiro. O de Santos está na casa dos R$ 800 milhões e o do Rio de Janeiro, por volta de metade disso. Esse é um problema grave porque estrangula a capacidade de investimento das companhias. No novo modelo de gestão, exigiremos que as companhias sejam lucrativas, gerando caixa para investimento próprio.

FOLHA - Os recursos que hoje entram no caixa das Companhias Docas acabam arrestados para o pagamento de débitos trabalhistas e não são usados na dragagem. Como garantir que o dinheiro será destinado à infra-estrutura do porto?
BRITO
- Uma das providências urgentes é resolver a questão dos passivos. Já montamos um grupo de trabalho com Casa Civil, Secretaria de Portos, Planejamento, Fazenda e Advocacia Geral da União, para encontrar uma solução, tirar esses passivos das companhias, para que elas tenham capacidade de investimento e não tenham o seu fluxo de caixa arrestado.

FOLHA - Ter portos modernos, que funcionem e sejam competitivos não será uma coisa para agora.
BRITO
- Acho que os portos brasileiros já são competitivos e modernos. O que precisamos é acelerar o processo de contínua modernização, porque o mundo avança cada vez mais. Não temos tempo porque as nossas cargas estão crescendo.

FOLHA - A melhoria viria em 2010?
BRITO
- Estamos trabalhando com essa data, de 2010.


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