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COMBUSTÍVEIS
Petrobras seguirá fixando preço na refinaria
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse ontem que a
Petrobras terá liberdade para fixar o preço dos combustíveis na
refinaria. Ou seja, não será o governo que irá fixar, por decreto ou
por portaria, o preço dos combustíveis vendidos pela empresa.
Dilma disse que haverá uma definição de política de preços, mas
que isso não significa intervenção
direta nos preços da Petrobras. "A
Petrobras terá autonomia [para
definir os preços nas refinarias".
Não vamos ignorar a realidade",
disse, se referindo a altas nos preços do petróleo no mercado internacional ou a variações no câmbio.
Segundo ela, estudo feito pelo
governo anterior demonstra que
o câmbio foi o principal fator de
aumento dos combustíveis em
2002, e o preço do petróleo teve
papel secundário.
Dilma disse ter estranhado a repercussão que teve o fato de ela ter
dito, na sexta-feira, que a Petrobras não iria fazer política de preços. "O Gros [Francisco Gros, ex-presidente da Petrobras no governo FHC" sempre disse que a Petrobras não fazia política de preços e ninguém questionava", disse.
A política de preços à qual a ministra se refere terá o objetivo de
evitar oscilações fortes de preços
para o consumidor, o que não significa o controle ou a fixação, pelo
governo, de preços determinados
pela Petrobras para as refinarias.
Uma das possibilidades é o uso da
Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis) para evitar a
oscilação.
Esse mecanismo não interfere
nos preços cobrados pela Petrobras na refinaria. Cada vez que o
dólar ou o preço do barril de petróleo forçarem uma alta, a Petrobras reajusta os seus preços normalmente.
O preço para o consumidor não
muda porque o governo reduz a
alíquota da Cide. Quando o dólar
e o barril de petróleo permitirem
a redução do preço, a Petrobras
passa a cobrar menos pelo combustível que vende, mas a alíquota
da Cide aumenta e, de novo, o
preço ao consumidor não muda.
A Cide pode variar entre R$ 0,50
e R$ 0,86 por litro. Quando a Petrobras reduz seu preço e o governo aumenta a alíquota, arrecada
recursos para tornar possível a redução da alíquota para evitar novos reajustes.
A ministra lembrou que intervenções diretas no preço da refinaria foram feitas pelo governo
Fernando Henrique Cardoso.
"Antes da eleições a Petrobras ficou impedida de reajustar o preço
dos combustíveis", disse.
Dilma afirmou ainda que a Petrobras também terá liberdade
para tomar decisões estratégicas
por meio de seu conselho de administração. Ou seja, poderá decidir se participa ou não de projetos
de construção de usinas termelétricas, por exemplo.
"Agora, subsídio, por exemplo,
é uma questão de governo", explicou a ministra. O governo anterior deixou um estudo propondo
subsídio à construção de refinarias com recursos da Cide. "Essa é
uma decisão que nós ainda não
tomamos. Sei que existe o estudo
mas ainda não vi".
Energia
A ministra, que trabalhou ontem em seu gabinete, disse que irá
marcar uma reunião com agentes
do mercado de energia para discutir tarifas. A intenção do governo é impedir a alta das tarifas. Dilma, no entanto, voltou a dizer que
a mudança do indexador dos contratos - IGP-M- não é tão importante.
O governo pretende usar a energia das hidrelétricas estatais
-"energia velha", de usinas hidrelétricas cujo investimento já
foi amortizado- para evitar aumento elevados de preço. A ministra lembrou que os preços de
energia sempre foram regulados
pelo governo.
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