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Independência ajudou Petrobras a obter concessão do Fundo, diz Gros
DA REPORTAGEM LOCAL
A negociação com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para
que investimentos da Petrobras
deixassem de ser considerados
gasto público levou em conta três
características básicas da estatal:
ser uma companhia aberta, com
ações negociadas nas principais
Bolsas do mundo; ter independência em relação ao Tesouro; e
possuir uma política de governança corporativa comparável à
das melhores empresas privadas
do país.
Francisco Gros, que presidia a
companhia quando o acordo com
o Fundo foi negociado, disse à Folha que apresentou esses elementos aos técnicos do FMI no primeiro semestre do ano passado.
"O cerne da questão era mostrar
em que a Petrobras era diferente",
afirmou Gros.
A discussão com o FMI, segundo ele, foi toda conduzida pelo
Ministério da Fazenda. A missão
da diretoria da Petrobras foi dar
detalhes de como a empresa era
administrada. O objetivo era
mostrar que, apesar de seu caráter
estatal, a companhia tinha independência em relação ao governo
e funcionava sob a lógica do setor
privado, perseguindo lucros para
seus acionistas.
Um dos negociadores do acordo por parte do governo brasileiro disse à Folha que a discussão
sobre a exclusão de investimentos
das estatais do cálculo do resultado primário era antiga, mas nunca havia sido colocada com tanta
ênfase como no ano passado.
Depois de um período razoável
de estrito cumprimento das metas fiscais fixadas pelo Fundo, o
governo avaliou que já tinha credibilidade suficiente para reivindicar a alteração do critério.
Segundo esse negociador, havia
a expectativa de que a Petrobras
funcionasse como um "teste" da
mudança de metodologia. Se funcionasse, a mesma fórmula poderia ser estendida a outras estatais,
em eventuais futuros acordos.
A Petrobras era a candidata natural, em razão de suas características, afirmou o negociador. Na fila para se beneficiar do mecanismo no futuro estariam as empresas geradoras de energia elétrica
do sistema Eletrobrás.
Mas mesmo assim, não haveria
nenhuma estatal no país comparável à Petrobras, observou a
mesma fonte. Em sua opinião, um
elemento simbólico refletiria a diferença entre as companhias: enquanto o site na internet da Petrobras é www.petrobras.com.br, os
das demais estatais possuem a
terminação .gov.br, a mesma utilizada pelos órgãos públicos da
administração direta.
(CLÁUDIA TREVISAN)
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