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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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Independência ajudou Petrobras a obter concessão do Fundo, diz Gros

DA REPORTAGEM LOCAL

A negociação com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para que investimentos da Petrobras deixassem de ser considerados gasto público levou em conta três características básicas da estatal: ser uma companhia aberta, com ações negociadas nas principais Bolsas do mundo; ter independência em relação ao Tesouro; e possuir uma política de governança corporativa comparável à das melhores empresas privadas do país.
Francisco Gros, que presidia a companhia quando o acordo com o Fundo foi negociado, disse à Folha que apresentou esses elementos aos técnicos do FMI no primeiro semestre do ano passado. "O cerne da questão era mostrar em que a Petrobras era diferente", afirmou Gros.
A discussão com o FMI, segundo ele, foi toda conduzida pelo Ministério da Fazenda. A missão da diretoria da Petrobras foi dar detalhes de como a empresa era administrada. O objetivo era mostrar que, apesar de seu caráter estatal, a companhia tinha independência em relação ao governo e funcionava sob a lógica do setor privado, perseguindo lucros para seus acionistas.
Um dos negociadores do acordo por parte do governo brasileiro disse à Folha que a discussão sobre a exclusão de investimentos das estatais do cálculo do resultado primário era antiga, mas nunca havia sido colocada com tanta ênfase como no ano passado.
Depois de um período razoável de estrito cumprimento das metas fiscais fixadas pelo Fundo, o governo avaliou que já tinha credibilidade suficiente para reivindicar a alteração do critério.
Segundo esse negociador, havia a expectativa de que a Petrobras funcionasse como um "teste" da mudança de metodologia. Se funcionasse, a mesma fórmula poderia ser estendida a outras estatais, em eventuais futuros acordos.
A Petrobras era a candidata natural, em razão de suas características, afirmou o negociador. Na fila para se beneficiar do mecanismo no futuro estariam as empresas geradoras de energia elétrica do sistema Eletrobrás.
Mas mesmo assim, não haveria nenhuma estatal no país comparável à Petrobras, observou a mesma fonte. Em sua opinião, um elemento simbólico refletiria a diferença entre as companhias: enquanto o site na internet da Petrobras é www.petrobras.com.br, os das demais estatais possuem a terminação .gov.br, a mesma utilizada pelos órgãos públicos da administração direta.
(CLÁUDIA TREVISAN)


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