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INVESTIMENTO EM XEQUE
Resultados fracos no país afetam balanços das companhias; queixa maior parte das elétricas
Brasil deixa empresas dos EUA pessimistas
DE WASHINGTON
Algumas das maiores empresas
norte-americanas com investimentos no Brasil continuam pessimistas sobre os rumos da economia brasileira e seguem perdendo dinheiro no país.
Segundo informam a seus acionistas, nos balanços do segundo
trimestre deste ano (abril a junho)
enviados à SEC (Securities and
Exchange Commission, a CVM
americana), as oscilações no câmbio e os juros altos têm sido os
principais fatores de preocupação
dessas companhias.
Entre as empresas que citam o
Brasil em seus balanços, nenhuma faz referência a novos investimentos no país neste ano. O pior
quadro é apresentado pelas companhias do setor elétrico, que ainda reclamam da falta de algumas
definições no sistema regulatório
que garantam previsibilidade e
retorno para o capital investido.
Em seu balanço trimestral, a
Alliant Energy, por exemplo,
ameaça reconsiderar sua presença no Brasil, caso os negócios e decisões regulatórias não evoluam
no segundo semestre.
O presidente da empresa, Erroll
Davis, afirma que, embora a demanda por energia e os resultados
da empresa tenham melhorado
após reajustes de tarifas no primeiro semestre, a posição da
companhia sobre novos investimentos no país permanecerá conservadora.
"Nossos desafios no Brasil são
bem conhecidos. Não temos nenhuma intenção de fazer novos
investimentos sem que haja uma
melhora sustentável nos resultados. Pretendemos reavaliar nosso
compromisso com o mercado
brasileiro no segundo semestre",
afirma Davis.
Há pouco mais de três meses, a
Alliant anunciou a suspensão de
investimentos em termelétricas
em Minas Gerais e Sergipe e nas
áreas de distribuição do grupo.
Outra empresa do setor, a Duke
Energy, diz em seu balanço que,
embora tenha obtido lucros com
decisões tarifárias no Brasil, "os
resultados foram parcialmente
descompensados pelas variações
na taxa de câmbio".
A AES é outra que reclama das
oscilações cambiais e informa
que, apesar dos bons resultados
com a usina de Uruguaiana, os ganhos foram "prejudicados" pela
performance de outra companhia
do grupo, a Tietê, em São Paulo.
Consumo fraco
Fora da área de energia, algumas empresas de bens de consumo também continuam com
perspectivas pouco otimistas. A
Whirpool Latin America, que tem
as marcas Brastemp e Cônsul no
Brasil, informa que suas vendas
caíram 22% entre abril e junho
em relação a igual período do ano
passado.
A perspectiva da empresa é fechar o ano no Brasil e na América
Latina com uma queda geral nas
vendas entre 12% e 15%.
A Kodak diz a seu acionistas que
as vendas no Brasil continuam em
queda "como reflexo da contínua
fragilidade econômica naquele
mercado emergente". A companhia informa que os resultados
positivos das vendas na Rússia
(+32% sobre o segundo trimestre
de 2002) e Índia (+12%) foram
"prejudicados" por quedas na
China (-19%) e no Brasil (-12%).
Na área financeira, o FleetBoston, que controla o BankBoston
no Brasil, também informa resultados piores no segundo trimestre
deste ano em relação ao mesmo
período do ano passado, causados, principalmente, por oscilações na taxa de câmbio.
O banco lucrou US$ 31 milhões
no Brasil entre abril e junho, contra US$ 45 milhões em igual período de 2002. O balanço do FleetBoston enumera ainda uma série
de fatores que poderão ter impacto negativo em seus resultados até
o final do ano.
Entre eles, constam a continuidade de um cenário de incertezas
econômicas, sociais e políticas na
América Latina "e flutuações nas
taxas de juro, câmbio e inflação".
De acordo com estatísticas do
Banco Central, os investimentos
de empresas estrangeiras no país
tiveram uma queda de 63% no
primeiro semestre sobre igual período do ano passado.
(FERNANDO CANZIAN)
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