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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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INVESTIMENTO EM XEQUE

Resultados fracos no país afetam balanços das companhias; queixa maior parte das elétricas

Brasil deixa empresas dos EUA pessimistas

DE WASHINGTON

Algumas das maiores empresas norte-americanas com investimentos no Brasil continuam pessimistas sobre os rumos da economia brasileira e seguem perdendo dinheiro no país.
Segundo informam a seus acionistas, nos balanços do segundo trimestre deste ano (abril a junho) enviados à SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana), as oscilações no câmbio e os juros altos têm sido os principais fatores de preocupação dessas companhias.
Entre as empresas que citam o Brasil em seus balanços, nenhuma faz referência a novos investimentos no país neste ano. O pior quadro é apresentado pelas companhias do setor elétrico, que ainda reclamam da falta de algumas definições no sistema regulatório que garantam previsibilidade e retorno para o capital investido.
Em seu balanço trimestral, a Alliant Energy, por exemplo, ameaça reconsiderar sua presença no Brasil, caso os negócios e decisões regulatórias não evoluam no segundo semestre.
O presidente da empresa, Erroll Davis, afirma que, embora a demanda por energia e os resultados da empresa tenham melhorado após reajustes de tarifas no primeiro semestre, a posição da companhia sobre novos investimentos no país permanecerá conservadora.
"Nossos desafios no Brasil são bem conhecidos. Não temos nenhuma intenção de fazer novos investimentos sem que haja uma melhora sustentável nos resultados. Pretendemos reavaliar nosso compromisso com o mercado brasileiro no segundo semestre", afirma Davis.
Há pouco mais de três meses, a Alliant anunciou a suspensão de investimentos em termelétricas em Minas Gerais e Sergipe e nas áreas de distribuição do grupo.
Outra empresa do setor, a Duke Energy, diz em seu balanço que, embora tenha obtido lucros com decisões tarifárias no Brasil, "os resultados foram parcialmente descompensados pelas variações na taxa de câmbio".
A AES é outra que reclama das oscilações cambiais e informa que, apesar dos bons resultados com a usina de Uruguaiana, os ganhos foram "prejudicados" pela performance de outra companhia do grupo, a Tietê, em São Paulo.

Consumo fraco
Fora da área de energia, algumas empresas de bens de consumo também continuam com perspectivas pouco otimistas. A Whirpool Latin America, que tem as marcas Brastemp e Cônsul no Brasil, informa que suas vendas caíram 22% entre abril e junho em relação a igual período do ano passado.
A perspectiva da empresa é fechar o ano no Brasil e na América Latina com uma queda geral nas vendas entre 12% e 15%.
A Kodak diz a seu acionistas que as vendas no Brasil continuam em queda "como reflexo da contínua fragilidade econômica naquele mercado emergente". A companhia informa que os resultados positivos das vendas na Rússia (+32% sobre o segundo trimestre de 2002) e Índia (+12%) foram "prejudicados" por quedas na China (-19%) e no Brasil (-12%).
Na área financeira, o FleetBoston, que controla o BankBoston no Brasil, também informa resultados piores no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, causados, principalmente, por oscilações na taxa de câmbio.
O banco lucrou US$ 31 milhões no Brasil entre abril e junho, contra US$ 45 milhões em igual período de 2002. O balanço do FleetBoston enumera ainda uma série de fatores que poderão ter impacto negativo em seus resultados até o final do ano.
Entre eles, constam a continuidade de um cenário de incertezas econômicas, sociais e políticas na América Latina "e flutuações nas taxas de juro, câmbio e inflação".
De acordo com estatísticas do Banco Central, os investimentos de empresas estrangeiras no país tiveram uma queda de 63% no primeiro semestre sobre igual período do ano passado.
(FERNANDO CANZIAN)


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