São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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HABITAÇÃO

Linha deixou de ser competitiva, diz diretor; CMN deve definir meta

CEF suspende financiamento com FAT

DA FOLHA ONLINE

A Caixa Econômica Federal decidiu suspender financiamentos de imóveis com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O vice-presidente de Desenvolvimento Urbano da Caixa, Jorge Hereda, disse que essa modalidade de financiamento habitacional perdeu competitividade após o aumento da concorrência no setor de crédito imobiliário.
"O produto perdeu competitividade e deixou de ser vantajoso, pois os consumidores encontram opções mais baratas de financiamento", disse Hereda.
No ano passado a Carta de Crédito FAT financiou apenas R$ 70 milhões, uma queda de 70% em relação a 2004, quando o produto direcionou R$ 236,3 milhões.
O principal problema da Carta de Crédito FAT é o custo do financiamento: TJLP mais 5,5% ao ano. A TJLP está em 9% ao ano. A Nossa Caixa, por exemplo, reduziu os juros do crédito imobiliário para 7% ao ano nos primeiros 36 meses do financiamento -condição melhor que essa linha da Caixa.
Apesar do custo elevado, a Carta FAT era uma das únicas opções disponíveis no mercado em 2002 e 2003 para a classe média. Na ocasião, os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) eram escassos e priorizavam o financiamento da compra de imóveis novos para trabalhadores de menor renda. Além disso, os bancos privados não investiam na oferta de crédito imobiliário. A maior vantagem da Carta FAT era financiar a compra a casa para a classe média, que não era atendida nem pelo FGTS nem pelos bancos privados.
A partir de 2004, os bancos privados elevaram o crédito para a habitação após a regulamentação de marcos jurídicos que ampliaram as garantias para o credor retomar o imóvel dos inadimplentes. A virada ocorreu em 2005, quando o CMN (Conselho Monetário Nacional) obrigou os bancos a elevar em 50% a concessão de crédito imobiliário. Para alcançar a meta, tiveram de baixar juros e alongar o prazo de pagamento, o que tirou a competitividade da Carta de Crédito FAT.
Hereda disse que a Caixa manterá em operação o financiamento da compra de material de construção com recursos do FAT.

CMN
O CMN (Conselho Monetário Nacional) deve se reunir na próxima semana para definir a meta de expansão do crédito imobiliário para 2006. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) e a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) concordaram em definir R$ 6,7 bilhões.
Esse montante representará uma evolução de 40% em relação a 2005, quando os bancos direcionaram a quantia recorde de R$ 4,793 bilhões para o financiamento de 60.769 moradias com recursos da poupança.
Essa meta deve valer para todo o ano de 2006. No ano passado, o CMN fixou metas para de expansão para o primeiro (30%), o segundo (45%), o terceiro (50%) e o quarto (50%) trimestres do ano sobre igual período de 2004.
Esses percentuais foram criados para diluir o impacto de uma resolução de 2004 do CMN que mandava os bancos zerar o estoque virtual do FCVS (Fundo e Compensação das Variações Salariais) até agosto de 2007. Se a determinação tivesse sido cumprida, os bancos privados precisariam ter direcionado à habitação R$ 12 bilhões no ano passado. Mas bancos e construtoras concordaram que não haveria demanda para todo esse montante.


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