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ANÁLISE
Reformas no setor vêm pela metade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sustentando-se no argumento de que o déficit da Previdência Social não era explosivo, o
governo Lula perdeu a oportunidade de alterar as regras de
aposentadoria e pensão dos
trabalhadores da iniciativa privada quando realizou sua reforma previdenciária em 2003.
A reforma centrou fogo no
sistema de aposentadoria do
funcionalismo público e limitou-se a mudanças cosméticas
no regime do INSS, que não inclui as despesas com aposentadoria dos servidores públicos.
As contas do INSS podem até
não ir pelos ares em um horizonte próximo -embora muita gente acredite que já foi. Os
déficits crescentes, no entanto,
engessam a administração das
contas públicas, restringindo
cada vez mais o espaço para investimento pelo Estado.
Os números divulgados ontem pelo Ministério da Previdência mostram que o rombo
no INSS se aproximou de 2%
do PIB em 2005 e, para este
ano, o que se espera é um resultado ainda pior. Não custa lembrar que, em 1994, a Previdência ainda era superavitária.
Sempre que se fala em reforma do INSS, o secretário de
Previdência Social, Helmut
Schwarzer, apressa-se em dizer
que não há descontrole nas
contas, comemora o aumento
do valor médio dos benefícios e
defende a aposentadoria rural
como uma valiosa política de
transferência de renda. Destaca
sempre que a Previdência rural
é deficitária em quase todos os
países. O fato é que dos R$ 38,2
bilhões (em valores corrigidos)
de déficit registrado no ano
passado, R$ 24,4 bilhões referem-se à área rural.
Com a organização da casa, o
governo espera conter o desequilíbrio das contas previdenciárias. Para tapar o ralo, lançou um censo para recadastrar
aposentados e pensionistas e
vem tomando medidas para
modernizar seus sistemas. Por
falta de apoio, a Super-Receita
não passou no Congresso e o
governo foi obrigado a promover uma fusão pelas metades.
Arrumar a casa é sempre
bom e não se pode afirmar que
a Previdência vá de vento em
popa no resto do mundo.
(JULIANNA SOFIA)
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