São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Kirchner prega Mercosul forte e integração

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fortalecimento do Mercosul e a integração dos países da região são a melhor forma para América do Sul adquirir a força necessária para discutir em pé de igualdade com os demais blocos econômicos, na avaliação do presidente da Argentina, Néstor Kirchner. Ao discursar, ontem, na sua primeira visita oficial ao Congresso Nacional, Kirchner defendeu que "a América do Sul quer ser parte do mundo e não quer ser mais a parte traseira que, definitivamente, deixamos para trás".
Segundo ele, vive-se atualmente uma etapa de sérias definições no mundo e os países da região devem "ser parte ativa na construção do novo tempo que nos espera. Não temos o direito de construir um novo fracasso".
Nos 16 minutos em que falou para os parlamentares, no plenário do Senado, Kirchner argumentou que, para estar na "vanguarda" de um mundo marcado por alta competitividade, é preciso deixar de lado brigas antigas comerciais e por investimentos para se concentrar na definição de políticas que permitam melhorar a competitividade, levando em conta as deficiências das economias menores.
Kirchner ressaltou que Argentina e Brasil, que são sócios na comunidade sul-americana, devem ser associar também para promover o desenvolvimento com justiça social, aumento do emprego, redução das desigualdades. "Temos todas as condições propícias, depende de sabermos aproveitá-las e entendermos que individualmente será mais difícil."
Ele fez questão de lembrar que Brasil e Argentina romperam com um passado que "aprisionava" os dois países ao quitar as dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "Recuperamos total autonomia para decidir o que fazer em nossas economias".
Do Congresso, o presidente argentino seguiu para o STF (Supremo Tribunal Federal), onde foi recebido pelo presidente, ministro Nelson Jobim, e pelo ministro Carlos Ayres Britto, já que os demais estão em recesso. O encontro foi rápido e durou cerca de 20 minutos. Na saída, Kirchner levou de lembrança uma Constituição do Brasil e uma medalha representativa da Casa.

Chávez e Toledo
A visita de Kirchner precede uma sucessão de encontros de Lula com presidentes da América do Sul. Hoje, Lula, Kirchner e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, têm uma reunião triangular na Granja do Torto para discutir questões energéticas, especialmente a construção de um gasoduto ligando os três países.
Eles também devem repetir um assunto da pauta de ontem entre os presidentes brasileiro e argentino: a inclusão da Bolívia no Mercosul. Lula e Kirchner se mostraram favoráveis, no encontro que tiveram, mas decidiram aguardar um pedido formal do presidente eleito do país, Evo Morales.
Ontem, o Brasil comemorava o anúncio de um outro presidente, Tabaré Vázquez, de que o Uruguai não está fazendo um tratado em separado de livre comércio com os Estados Unidos. O Uruguai é membro nato do Mercosul, que vê com maus olhos acordos paralelos desse tipo.


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