São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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ESTIAGEM

Estado tem 88 cidades em situação de emergência, e prejuízo no ano encosta em R$ 300 mi; quebra na safra de milho supera 20%

Com seca, catarinenses já temem êxodo rural

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

A seca que atinge o meio-oeste catarinense já deixou 88 cidades em situação de emergência -quase o triplo do que havia na semana passada.
O número de municípios sob o decreto aumenta todos os dias. Segundo a Defesa Civil, eles estão se antecipando com o receio de sofrerem o mesmo impacto da estiagem do início de 2005 e para ter direito aos R$ 6 milhões liberados pelo governo estadual.
Em 2006, as perdas já perfazem R$ 297 milhões. E já há quebra de mais de 20% na safra de milho. A produção de leite, feijão e soja continua prejudicada.
O consumidor sente o impacto nos supermercados: o litro de leite está R$ 0,10 mais caro no Estado.
Algumas cidades do extremo oeste, como Chapecó (587 km de Florianópolis), solicitaram ao governo ajuda para transportar água -que falta aos animais e ao consumo humano.
Em Campos Novos (369 km da capital), houve perda de 70% na produção de milho, o equivalente a 178 mil toneladas, e 50% na de feijão (45 mil toneladas). Os rios secaram e há famílias que não têm água para beber, segundo o diretor de Agricultura, Paulo Rovea. "A situação é bem delicada."
O governo estadual afirma que investiu, desde 2003, mais de R$ 23 milhões para a implantação e o financiamento de sistemas de proteção de fontes e reserva de água em 36 mil propriedades.
O problema do abastecimento, de acordo com o governo, está sendo contornado com cisternas, poços, açudes e caminhões-pipa. A outra preocupação do Estado é com o rebanho de suínos e aves.
A região é a que mais concentra a produção desses animais. Além disso, o Estado é um dos maiores produtores de aves e o principal exportador de suínos do Brasil.
Rovea diz que há um desânimo nos produtores. A Federação da Agricultura e Pecuária acredita que eles não terão como pagar a conta do ano passado e que isso acarretará um êxodo rural.
No Rio Grande do Sul, apenas 11 cidades estão em situação de emergência. Na mesma data do ano passado, eram 188. O governo do Estado avalia que a seca não fará estragos como em 2005, quando mais de 400 cidades foram afetadas até o fim do verão.


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