São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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MERCADO FINANCEIRO

Pregão se encerra mais cedo com sistema sobrecarregado por venda de ações de empresa sob investigação

Risco de colapso paralisa Bolsa de Tóquio

DO "FINANCIAL TIMES"
DA REDAÇÃO


A reputação da Bolsa de Valores de Tóquio, a segunda maior do mundo, foi gravemente prejudicada ontem quando foi obrigada a fechar 20 minutos mais cedo porque seu sistema de pregão ficou à beira do colapso.
Esse foi o último de uma série de incidentes envolvendo problemas com sua tecnologia, incluindo um colapso total do sistema em novembro, que paralisou o pregão durante quase um dia inteiro, e um defeito de computador que contribuiu para prejuízo de US$ 350 milhões para a empresa Mizuho Securities.
Os problemas da Bolsa de Tóquio ontem se refletiram em outras Bolsas pelo mundo, levando a queda de vários índices asiáticos e europeus. O índice FTSEurofirst 300, de ações européias, fechou com queda de 0,85%, enquanto a Bolsa de Londres caiu 0,6%.
Na Ásia, a Bolsa de Seul caiu 2,6%, e a de Bancoc, 1,9%. A alta dos preços do petróleo no começo do dia e os resultados fracos de empresas de tecnologia nos Estados Unidos (leia texto ao lado) também contribuíram para a queda dos índices pelo mundo.
Os esforços da Bolsa de Tóquio para se promover como uma das principais do mundo foram gravemente prejudicados nos últimos três meses, durante os quais foi obrigada a retardar emissões planejadas e seu presidente renunciou, assumindo a responsabilidade pelos problemas.
Os corretores disseram que o sistema da Bolsa de Tóquio ficou saturado ontem para enfrentar o surto de ordens de venda devido a uma investigação de suposta ilegalidade na Livedoor, uma empresa de internet, aos resultados decepcionantes das companhias americanas Intel e Yahoo, ao aumento nos preços do petróleo e à queda de preços de ações americanas. "Foi a tempestade perfeita", disse um corretor.
Os acontecimentos de ontem tiraram o brilho de um período de bom desempenho, que viu o mercado atingir picos de cinco anos nas últimas semanas. O índice Nikkei caiu 2,94% ontem, para 15.341,18 pontos.
Taizo Nishimuro, o presidente da Bolsa de Tóquio, convocou uma reunião às pressas ontem na hora do almoço para informar ao mercado que os negócios da manhã indicavam que o número de transações deveria superar a capacidade diária da Bolsa, de 4,5 milhões, e que havia a possibilidade de um fechamento antecipado.
Esse anúncio provocou uma corrida de vendas, enquanto os investidores tentavam desesperadamente fechar posições, elevando o número de transações para 4 milhões. Nesse ponto, a Bolsa tomou a decisão de mandar suspender o pregão, às 14h40 (hora local). "O anúncio da Bolsa fez o volume aumentar e exigiu o fechamento antecipado", disse um banqueiro.
Os corretores disseram que a situação foi prejudicada pela decisão de suspender a negociação de ações da Livedoor de manhã, devido ao surgimento de novas alegações de impropriedade financeira, e depois reiniciar as negociações de papéis da empresa à tarde, levando muitos pequenos investidores a liquidar suas ações.
O desejo de descartar as ações foi reforçado pelo anúncio de diversas corretoras japonesas de que as ações da Livedoor não poderiam mais ser usadas como garantias para operações com margem, obrigando os investidores a vender ações para enfrentar possíveis pedidos de cobertura.

A Bolsa de Tóquio atualizou seu sistema várias vezes para enfrentar um surto de volume -grande parte dele gerado por pequenos investidores-, mais recentemente em 13 de janeiro, quando aumentou o número de transações diárias para 4,5 milhões -número que se mostrou insuficiente.
Hoje, a Bolsa vai abrir com medidas de emergência em funcionamento, com redução de 30 minutos no tempo de funcionamento do pregão. Além disso, a negociação vai ser suspensa se o volume ultrapassar 4 milhões de transações.


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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