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MERCADO FINANCEIRO
Pregão se encerra mais cedo com sistema sobrecarregado por venda de ações de empresa sob investigação
Risco de colapso paralisa Bolsa de Tóquio
DO "FINANCIAL TIMES"
DA REDAÇÃO
A reputação da Bolsa de Valores
de Tóquio, a segunda maior do
mundo, foi gravemente prejudicada ontem quando foi obrigada
a fechar 20 minutos mais cedo
porque seu sistema de pregão ficou à beira do colapso.
Esse foi o último de uma série de
incidentes envolvendo problemas
com sua tecnologia, incluindo um
colapso total do sistema em novembro, que paralisou o pregão
durante quase um dia inteiro, e
um defeito de computador que
contribuiu para prejuízo de
US$ 350 milhões para a empresa
Mizuho Securities.
Os problemas da Bolsa de Tóquio ontem se refletiram em outras Bolsas pelo mundo, levando a
queda de vários índices asiáticos e
europeus. O índice FTSEurofirst
300, de ações européias, fechou
com queda de 0,85%, enquanto a
Bolsa de Londres caiu 0,6%.
Na Ásia, a Bolsa de Seul caiu
2,6%, e a de Bancoc, 1,9%. A alta
dos preços do petróleo no começo
do dia e os resultados fracos de
empresas de tecnologia nos Estados Unidos (leia texto ao lado)
também contribuíram para a
queda dos índices pelo mundo.
Os esforços da Bolsa de Tóquio
para se promover como uma das
principais do mundo foram gravemente prejudicados nos últimos três meses, durante os quais
foi obrigada a retardar emissões
planejadas e seu presidente renunciou, assumindo a responsabilidade pelos problemas.
Os corretores disseram que o
sistema da Bolsa de Tóquio ficou
saturado ontem para enfrentar o
surto de ordens de venda devido a
uma investigação de suposta ilegalidade na Livedoor, uma empresa de internet, aos resultados
decepcionantes das companhias
americanas Intel e Yahoo, ao aumento nos preços do petróleo e à
queda de preços de ações americanas. "Foi a tempestade perfeita", disse um corretor.
Os acontecimentos de ontem tiraram o brilho de um período de
bom desempenho, que viu o mercado atingir picos de cinco anos
nas últimas semanas. O índice
Nikkei caiu 2,94% ontem, para
15.341,18 pontos.
Taizo Nishimuro, o presidente
da Bolsa de Tóquio, convocou
uma reunião às pressas ontem na
hora do almoço para informar ao
mercado que os negócios da manhã indicavam que o número de
transações deveria superar a capacidade diária da Bolsa, de 4,5
milhões, e que havia a possibilidade de um fechamento antecipado.
Esse anúncio provocou uma
corrida de vendas, enquanto os
investidores tentavam desesperadamente fechar posições, elevando o número de transações para 4
milhões. Nesse ponto, a Bolsa tomou a decisão de mandar suspender o pregão, às 14h40 (hora local). "O anúncio da Bolsa fez o volume aumentar e exigiu o fechamento antecipado", disse um
banqueiro.
Os corretores disseram que a situação foi prejudicada pela decisão de suspender a negociação de
ações da Livedoor de manhã, devido ao surgimento de novas alegações de impropriedade financeira, e depois reiniciar as negociações de papéis da empresa à
tarde, levando muitos pequenos
investidores a liquidar suas ações.
O desejo de descartar as ações
foi reforçado pelo anúncio de diversas corretoras japonesas de
que as ações da Livedoor não poderiam mais ser usadas como garantias para operações com margem, obrigando os investidores a
vender ações para enfrentar possíveis pedidos de cobertura.
A Bolsa de Tóquio atualizou seu
sistema várias vezes para enfrentar um surto de volume -grande
parte dele gerado por pequenos
investidores-, mais recentemente em 13 de janeiro, quando
aumentou o número de transações diárias para 4,5 milhões
-número que se mostrou insuficiente.
Hoje, a Bolsa vai abrir com medidas de emergência em funcionamento, com redução de 30 minutos no tempo de funcionamento do pregão. Além disso, a negociação vai ser suspensa se o volume ultrapassar 4 milhões de transações.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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