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COMUNICAÇÕES
Emissoras defendem escolha de tecnologia asiática; ministro diz que outros sistemas ainda não foram descartados
TVs pressionam por padrão digital japonês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os representantes das emissoras de televisão encaminharam
ontem à ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) documento no qual
detalham as características técnicas do modelo de televisão digital
que julgam mais adequado para o
Brasil. Se a decisão do governo
considerasse somente essas características, o modelo japonês
seria o escolhido.
O ministro das Comunicações,
Hélio Costa (PMDB-MG), que
participou da reunião, disse que o
governo brasileiro continua aberto aos três modelos de televisão
digital: americano (ATSC), europeu (DVB) e japonês (ISDB). Segundo ele, a escolha será feita até a
primeira quinzena de fevereiro.
Questionado por jornalistas se o
governo não estaria retrocedendo, uma vez que o padrão norte-americano já havia sido dado como descartado, o ministro negou.
"A declaração de descartar A ou B
não foi feita pelo governo brasileiro, foi apenas durante uma reunião ontem [terça-feira] com os
técnicos da CPqD [Fundação
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento]. Nós vamos considerar
sempre os três modelos até tomarmos uma decisão, até porque
estamos em um processo de negociação direta com os japoneses,
os europeus e os americanos."
"Se nós decidirmos o que está
descartado e o que não está, prejudica as negociações", afirmou o
ministro. A escolha do padrão de
televisão digital envolverá a negociação de contrapartidas comerciais e políticas com Estados Unidos, Japão e países europeus. Na
semana que vem, representantes
do padrão norte-americano farão
demonstrações do seu modelo de
TV digital em Brasília.
O ministro evitou afirmar que
as redes de televisão sugeriram o
japonês, mas confirmou que esse
padrão é o que melhor se enquadra nas características pedidas pelas emissoras. "Se você perguntar
a um técnico, um engenheiro, e eu
não sou engenheiro, é possível
que ele lhe diga que o padrão japonês, neste momento, atende a
todas essas especificidades."
"Nada impede que os europeus,
amanhã, digam para nós que podem também preencher essas lacunas, e até os americanos", afirmou. "Só que, da maneira que estamos vendo a televisão digital
aberta, lamentavelmente, neste
momento, existem limitações para alguns sistemas", disse Costa.
O modelo americano privilegia
a TV de alta definição, o japonês
permite alta definição e também
transmissão para receptores em
movimento e o europeu privilegia
a múltipla programação. Os três
modelos de televisão digital permitem a interatividade.
Características
Segundo Costa, o modelo escolhido pelo Brasil deverá ter as seguintes características: ser uma
televisão aberta, que comporte alta definição e também definição
"standard" (de menor qualidade,
mas que permite múltipla programação) e a mobilidade (que possa
continuar transmitindo com qualidade dentro de um ônibus, por
exemplo).
Ele reafirmou que até meados
de fevereiro o padrão será escolhido. "Não tem que ser necessariamente no dia 10, mas, para fazermos a implantação da TV digital
neste ano, nós precisamos decidir, no mínimo, na primeira quinzena de fevereiro, qual é o sistema
de modulação. Você precisa de
seis a oito meses para fazer os
conversores de TV digital."
O conversor, parte importante
das negociações comerciais, é o
aparelho que será acoplado à televisão para que aparelhos fabricados para receber transmissões
analógicas (como as atuais) possam captar a transmissão digital.
Segundo Costa, esse aparelho
custaria, hoje, aproximadamente
R$ 220. "Esse valor deverá cair
dramaticamente nos próximos
seis meses", disse o ministro. Ele
informou que o governo poderá
financiar a compra do conversor
por meio de bancos federais.
Instalação comercial
O ministro confirmou para junho, na região metropolitana de
São Paulo, a transmissão experimental da TV digital e que, em 7
de setembro, o país já estará em
condições de fazer a instalação da
TV comercial digital.
A tecnologia japonesa, de acordo com técnicos, permite que telefones celulares captem a programação diretamente das antenas
da TV, sem passar pela rede das
operadoras de telefonia celular.
Por isso, seria a preferida das redes de televisão, que ganham
mais poder na disputa de mercado com as teles. Ontem, Costa disse que no modelo de TV digital
aberta, a transmissão normal para
uma televisão móvel -como a
que poderá ser usada em celulares- não seria paga.
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