São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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DRAGÃO

Dados da FGV e da Fipe apontam aceleração de preços no início do ano; óleo combustível eleva índices no atacado

Mensalidade escolar pressiona inflação

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

Dois indicadores de inflação divulgados ontem, o IPC-Fipe e o IGP-10 (Índice Geral de Preços -10), revelaram uma aceleração dos preços tanto no varejo, que subiram sob influência dos reajustes de mensalidades e do álcool, como no atacado -estes, em razão do impacto de óleo combustível e de preços vinculados a commodities.
Primeiro índice fechado de janeiro a ser anunciado, o IGP-10, da FGV (Fundação Getulio Vargas), teve uma alta de 0,84%, em um nível bem superior à taxa de 0,06% em dezembro. Trata-se da maior variação desde abril do ano passado.
Captura pelo IPC-Fipe, a inflação do município de São Paulo aumentou para 0,59% na segunda quadrissemana deste mês -período de 30 dias terminado em 15 de janeiro. É a maior taxa em nove semanas. Na divulgação anterior, o índice apontou variação positiva de 0,46%.
Além dos colégios, o IGP-10 ficou pressionado por causa dos reajustes no atacado: o IPA (Índice de Preços por Atacado) passou de uma deflação de 0,16% em dezembro para uma alta 1,03% em janeiro.
Sob impacto dos aumentos de combustíveis e alimentos, os preços agrícolas passaram de 0,61% para 2,32% e os industriais cresceram de uma taxa negativa de 0,41% para uma inflação de 0,63%.
As maiores pressões no atacado vieram dos aumentos de soja (6,40%), óleo combustível (7,70%), arroz (8,67%), álcool (5,04%) e mandioca (10,51%).
No varejo, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV subiu de 0,53% para 0,59%. O grupo educação foi o principal responsável pela aceleração, passando de 0,42% em dezembro para 1,42% em janeiro.
Já os alimentos, no sentido inverso dos preços agrícolas no atacado, cederam -de 1,27% para 1,04%.

Despesas pessoais
No índice da Fipe, a maior alta nos últimos 30 dias também veio do grupo educação, cujos preços médios aumentaram 2,10%, por conta principalmente dos reajustes das mensalidades escolares.
Ainda assim, a principal contribuição no índice geral do ficou com o item despesas pessoais, que subiu 1,44% por causa do o aumento nos preços das excursões. Tanto as mensalidades como os pacotes, afirma a Fipe, são pressões sazonais.
Também pesou na inflação de São Paulo o aumento do álcool, que levou o grupo transporte a subir 1,03%.
Quase metade da inflação de 0,59% registrada na segunda quadrissemana de janeiro -período de 30 dias até 15 de janeiro- veio dos aumentos apurados nestes três itens.
O preço das excursões subiu 16,89% no período. O do álcool teve alta de 12,82%. Já a energia avançou 1,18%. Somados, os aumentos contribuíram com 0,25 ponto percentual do índice.
Paulo Picchetti, coordenador do IPC-Fipe, disse que a alta dos pacotes de viagens e das mensalidades são sazonais e estão dentro do previsto. Já o avanço do preço do álcool resulta de "um choque de oferta" causado pela entressafra no país.
Em razão do reajustes do álcool combustível, dos pacotes de viagens e da conta de luz, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) elevou de 0,45% para 0,60% a previsão de inflação no município de São Paulo em janeiro.
Para o economista Jason Vieira, da GRC Visão, a inflação só não subiu mais graças à desaceleração dos alimentos no varejo.
Ele diz acreditar que, apesar da pressão sazonal da inflação, o Banco Central não deve reduzir o ritmo de queda da taxa Selic. O Copom, acredita ele, manterá a trajetória de corte dos juros nos próximos meses, quando a inflação tenderá a convergir para a meta oficial (cujo centro é de 4,5% para 2006).


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