São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Padrão nacional pode se tornar opção final

DA REPORTAGEM LOCAL

O fato de que o sistema brasileiro de TV digital tenha praticamente descartado seguir o padrão tecnológico americano na área não significa necessariamente que ele vá seguir um dos outros dois padrões atualmente disponíveis, o europeu e o japonês.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o considerável grau de pesquisa realizado sobre o tema no Brasil pode significar que se opte por uma versão nacional, que consiga incorporar o melhor dos dois (ou três) mundos.
"Existe uma série de evoluções históricas e tecnológicas", afirma Gunnar Bedicks, do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. "Tecnicamente, está claro que o padrão mais robusto é o japonês, mas isso porque eles puderam examinar o padrão americano, que foi o primeiro, e o europeu, que veio depois, e aprender com as deficiências deles", afirma Bedicks, que integra um dos grupos de pesquisa responsáveis pelos estudos técnicos ligados à implantação da tecnologia no país e enviados ao CPqD (Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), órgão privado que coordena esses esforços.
"Isso significa que, se viermos a optar por um padrão brasileiro, ele provavelmente será o melhor do mundo", completa Bedicks.
"Os americanos realmente pagam o preço do pioneirismo", concorda Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da USP, também envolvido nos estudos. Para ambos os pesquisadores, a vantagem de seguir em parte os modelos japonês e europeu é a capacidade de trabalhar com uma gama de tecnologias móveis -conteúdo de TV para celular, por exemplo, ou mesmo a capacidade de captar o sinal numa TV convencional em movimento.
"Temos de estar preocupados com como vai ser quando tudo isso estiver integrado num único chip", diz Zuffo, cujo grupo já propôs que o uso do celular como controle remoto poderá ser viabilizado no futuro. "O sistema americano, por sua vez, foi desenvolvido para ser usado de forma fixa", explica Bedicks, citando as desvantagens de adotar o padrão.
Segundo Zuffo, o interessante seria manter alto grau de compatibilidade com os sistemas europeu e japonês, com a adição de inovações destinadas especificamente à realidade brasileira. Uma vez que o projeto de implantar a TV digital no Brasil também mira a inclusão digital, o pesquisador da USP diz já considerar possível a colocação de um IP (protocolo de internet, na sigla inglesa) em cada aparelho de TV.
"Isso prepararia o caminho para a integração entre a internet e a TV", uma vez que o IP é o "RG" de todos os aparelhos hoje conectados à rede mundial de computadores. A interatividade entre a audiência e os canais também foi contemplada de forma satisfatória nos testes feitos até agora, afirma Marcelo Zuffo.
(REINALDO JOSÉ LOPES)


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