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Padrão nacional pode se tornar opção final
DA REPORTAGEM LOCAL
O fato de que o sistema brasileiro de TV digital tenha praticamente descartado seguir o padrão
tecnológico americano na área
não significa necessariamente
que ele vá seguir um dos outros
dois padrões atualmente disponíveis, o europeu e o japonês.
Segundo especialistas ouvidos
pela Folha, o considerável grau de
pesquisa realizado sobre o tema
no Brasil pode significar que se
opte por uma versão nacional,
que consiga incorporar o melhor
dos dois (ou três) mundos.
"Existe uma série de evoluções
históricas e tecnológicas", afirma
Gunnar Bedicks, do Laboratório
de TV Digital da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, em São
Paulo. "Tecnicamente, está claro
que o padrão mais robusto é o japonês, mas isso porque eles puderam examinar o padrão americano, que foi o primeiro, e o europeu, que veio depois, e aprender
com as deficiências deles", afirma
Bedicks, que integra um dos grupos de pesquisa responsáveis pelos estudos técnicos ligados à implantação da tecnologia no país e
enviados ao CPqD (Fundação
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), órgão privado que coordena esses esforços.
"Isso significa que, se viermos a
optar por um padrão brasileiro,
ele provavelmente será o melhor
do mundo", completa Bedicks.
"Os americanos realmente pagam o preço do pioneirismo",
concorda Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da USP, também
envolvido nos estudos. Para ambos os pesquisadores, a vantagem
de seguir em parte os modelos japonês e europeu é a capacidade
de trabalhar com uma gama de
tecnologias móveis -conteúdo
de TV para celular, por exemplo,
ou mesmo a capacidade de captar
o sinal numa TV convencional
em movimento.
"Temos de estar preocupados
com como vai ser quando tudo isso estiver integrado num único
chip", diz Zuffo, cujo grupo já
propôs que o uso do celular como
controle remoto poderá ser viabilizado no futuro. "O sistema americano, por sua vez, foi desenvolvido para ser usado de forma fixa", explica Bedicks, citando as
desvantagens de adotar o padrão.
Segundo Zuffo, o interessante
seria manter alto grau de compatibilidade com os sistemas europeu e japonês, com a adição de
inovações destinadas especificamente à realidade brasileira. Uma
vez que o projeto de implantar a
TV digital no Brasil também mira
a inclusão digital, o pesquisador
da USP diz já considerar possível
a colocação de um IP (protocolo
de internet, na sigla inglesa) em
cada aparelho de TV.
"Isso prepararia o caminho para a integração entre a internet e a
TV", uma vez que o IP é o "RG" de
todos os aparelhos hoje conectados à rede mundial de computadores. A interatividade entre a audiência e os canais também foi
contemplada de forma satisfatória nos testes feitos até agora, afirma Marcelo Zuffo.
(REINALDO JOSÉ LOPES)
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