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Governo comemora tolerância russa
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, deixaram
ontem a reunião oficial com o
presidente da Rússia, Vladimir
Putin, dizendo-se muito confiantes com a tolerância dos russos
em relação ao embargo que impuseram à importação de carne
brasileira depois da descoberta de
novos focos de febre aftosa.
Lula e Rodrigues afirmaram ter
descrito todas as medidas tomadas pelo Brasil para debelar os novos focos, surgidos em Mato
Grosso do Sul, principal produtor
nacional de carne bovina, e que a
explicação foi bem acolhida pela
Rússia, maior compradora do
produto.
"O resultado foi excepcional.
Putin teve compreensão do que
aconteceu no Brasil com a febre
aftosa e, portanto, não vai levar isso como em outros tempos", disse Lula, em alusão ao embargo
russo pelo mesmo motivo no ano
passado, que durou seis meses.
Rodrigues, que chegou a Moscou dizendo não ter ilusões quanto à suspensão imediata do embargo, ontem demonstrava entusiasmo. "A reação foi muito positiva. Eles mesmos reafirmam a
importância de, embora com o
direito institucional de embargar
todos os Estados vizinhos, só terem embargado MS, numa visão
muito clara de temperança nesse
processo de negociação, o que nos
dá uma esperança de agilizarmos
o mecanismo de suspensão do
embargo", disse.
Embora tenha integrado a pauta das reuniões no Kremlin, o tema, de natureza política alheia aos
protocolos diplomático-comerciais, não foi contemplado nem
na fala dos dois presidentes ao final do encontro nem no documento conjunto sobre o resultado
das declarações.
Carne saudável
Lula fez, antes do encontro com
Putin, uma apologia à excelência
da carne bovina nacional.
"Acho que o mundo vai continuar comprando a carne brasileira, até porque, possivelmente, de
todo o rebanho bovino do mundo, o brasileiro deve ser o mais
saudável, pois nós criamos o boi
no pasto, não tem ração animal."
Sem nomear o alvo, o presidente criticou os que, segundo ele, foram excessivamente alarmistas
no caso. "O mundo tratou com
muito mais seriedade do que determinados setores dentro do
próprio Brasil. Foi um foco localizado. O pessoal sabe que o Brasil
tem um rebanho privilegiado no
mundo, de 200 milhões de cabeças de gado, e não são 200 cabeças
que vão jogar por terra 200 milhões de cabeças."
Recentemente, assessores do
presidente classificaram como
"cretinice" a expressão de "apagão da aftosa", que setores ruralistas tentaram colar no governo.
Depois de ter dito, no último final de semana, que o foco de aftosa já foi debelado, ontem Lula foi
mais cauteloso. "Vamos debelar
esse foco. Já foram queimadas todas as rezes. Agora é tocar o barco
e vender nossa carne."
(FV)
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