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Apoio a russos ajuda comércio, dizem analistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A negociação do Brasil com a
Rússia por acesso àquele mercado, em troca do apoio oficial do
governo à entrada da Rússia na
OMC (Organização Mundial do
Comércio), é o início de uma processo que deve gerar um impacto
importante sobre o fluxo de exportações brasileiras para aquele
país, segundo especialistas. Mas
os resultados não devem ser percebidos no curto prazo.
Ao contrário do que aconteceu
nas negociações com a China, o
Brasil não corre o risco enfraquecer seus direitos de se proteger
contra eventuais práticas desleais
de comércio, pois a Rússia já é
uma economia de mercado, o que
não é o caso da China.
"O Brasil não pode abrir mão de
aplicar as regras no comércio internacional, mas não será o caso
com a Rússia. Essa é uma negociação importante, e a Rússia vai
se tornar um ator comercial cada
vez mais ativo", disse Rubens Barbosa, consultor em assuntos internacionais e ex-embaixador do
Brasil nos Estados Unidos.
No ano passado, o Brasil reconheceu a China como economia
de mercado antes do prazo estipulado pela OMC e deixou de
aplicar as salvaguardas (proteção)
garantidas pela organização durante o processo de transição da
China de uma economia planificada para uma economia de mercado. O setor produtivo reagiu, e
há duas semanas o governo brasileiro acabou regulamentando as
salvaguardas contra importações
chinesas consideradas abusivas.
Com uma taxa média de crescimento de 7% nos últimos anos
-em 2005 a Rússia deve crescer
7,9%-, o país produtor de petróleo deve manter o ritmo de crescimento econômico nos próximos
anos, segundo analistas, o que deve aumentar a demanda por produtos importados.
Para Renato Baumann, diretor
da Cepal (Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe)
no Brasil, não devem ser criadas
grandes expectativas no curto
prazo com relação ao aumento do
comércio, como ocorreu quando
a China aderiu à OMC em 2001.
As reservas internacionais chinesas somam US$ 600 milhões, o
que gerou expectativa no Brasil de
que a China faria investimentos
vultuosos no Brasil. "Esse é um
processo lento", diz Baumann.
A Rússia vem expandindo o comércio fortemente nos últimos
anos. O Brasil exporta principalmente carne e açúcar à Rússia.
Na opinião de Barbosa, a aparição de focos de febre aftosa em
Mato Grosso do Sul na semana
passada foi uma infeliz coincidência, que deixa o Brasil mais vulnerável nas negociações enquanto o
problema não for resolvido.
Já Baumann diz que "a adesão
da Rússia à OMC significa a presença de mais um país em desenvolvimento de peso nas negociações multilaterais, o que pode ajudar o Brasil no jogo de composição de forças em determinados
interesses na OMC".
O Brasil tem se aliado à Índia, à
África do Sul, ao Egito e a Austrália para defender diferentes interesses em comum com esses países. Com a Rússia, o Brasil poderá
encontrar pontos de convergência nas negociações sobre a liberalização do comércio de serviços e
sobre regras para propriedade intelectual.
(CLÁUDIA DIANNI)
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